ANTAḤKARAṆA – O FIO DE LUZ

O termo sânscrito antaḥkaraṇa tem vários significados que diferem em cada escola filosófica. Śhaṅkara traduz esta palavra com o sentido de “entendimento”; outras escolas, como o Tantra, atribuem-lhe o significado de “órgão ou instrumento interno”, que, por sua vez, é formado por buddhi (compreensão ou intelecto – faculdade mental que dá a capacidade de discernir), ahaṁkāra (noção do eu ou ego – princípio da individuação pelo qual uma pessoa se apropria de experiências) e manas (mente – faculdade que sintetiza as percepções sensoriais, formando e ordenando conceitos e imagens).

Já os ocultistas o definem como a ponte entre a mente superior e a inferior, a Alma Universal (Paramātman) e a alma pessoal (Jivātman). Serve como meio de comunicação entre ambos e transmite do ego para o Eu Maior todas as impressões pessoais, pensamentos e interações cognitivas dos seres humanos que podem, por sua natureza, ser assimilados e retidos pelo Ātman e, portanto, eternizados com ele. Esses são os únicos elementos do eu inferior que sobrevivem às transformações do tempo e espaço.

Antaḥkaraṇa estende-se não apenas ao presente, mas também ao passado e ao futuro. Os três princípios – buddhi, ahaṁkāra e manas – formam, por assim dizer, os três lados de um triângulo, cuja síntese ou vértice é chit – a consciência –, com o qual se realiza a ideia da trindade na unidade.

Simbolicamente ele se compõe de três fios ou tubos. São eles:

O Sūtrātma: Também conhecido como "fio da vida" ou "cordão de prata". Parte da Mônada ou Centelha Divina (Ātman ou Campo da Potencialidade Pura) e vai até a personalidade (Campo de Energia Humana), através da alma, e está ancorado na região do Tan Tien. Esse é o fio que mantém a vida na forma. Pode-se dizer que age "de cima para baixo", pois o impulso que o fortalece vem da Mônada e independe de nós.
O fio da consciência (inteligência): Também chamado de "cordão dourado solar". Parte do Campo da Intencionalidade (a alma), e está ancorado no coração. É o vínculo entre o princípio mental superior e a mente inferior. É também através desse caminho que normalmente "viajamos" durante a noite, em nossos sonhos. Pode-se dizer que age "de baixo para cima", pois sua construção e fortalecimento depende de nós.
O fio da atividade criativa: Seu desenvolvimento é iniciado pelo próprio ser humano, e quando suficientemente construído, percorre todo o corpo, indo do Campo de Energia Humana ao Campo da Potencialidade Pura, e está ancorado nos dois extremos (ponto da terra e ponto da individualidade). Nosso veículo mental encontra uma expressão mais plena através do poder proporcionado pelo desenvolvimento desse fio, nos dando a plena capacidade de sermos co-criadores.

Desta forma, o antaḥkaraṇa alimenta o aspecto material, a consciência/alma, e serve de canal para a própria essência da vida. A meta de todos os aspirantes e discípulos é se tornar consciente deste influxo de energia em suas várias diversificações e empregá-las no plano mental inferior.

Podemos dividir a formação do antaḥkaraṇa e seu desenvolvimento em duas grandes etapas. Na primeira, através do sūtrātma a alma cria nossos veículos de expressão nos planos mental, astral e físico. No plano físico, ele se ancora no chakra raiz (embora eventualmente, em nossa evolução, se mova para os chakras superiores).

Na segunda etapa, a alma encarnada começa a desenvolver sua consciência primeiro no plano físico (chakras inferiores – 1º e 2º), passando ao astral (chakras medianos – 3º e 4º), e por fim, ao mental inferior (5º chakra). Então, inicia no 6º chakra o trabalho de integração – que basicamente é meditativo e de serviço – para eliminar a quebra de consciência entre os três campos da Mente de Deus (Potencialidade Pura, Intencionalidade e Energia Humana), completando a formação desta parte do "caminho de retorno" à Mônada. Este caminho "de baixo para cima" é sem dúvida muito mais difícil de ser concluído, pois diferente do "caminho de descida", deve ser desenvolvido de forma consciente, através do serviço, do estudo, da dedicação devocional e da meditação. Ele não ocorre, usando uma expressão até um pouco inadequada, de forma automática.

É interessante separar o antaḥkaraṇa em duas partes para fins didáticos: o antaḥkaraṇa inferior e o superior.

O antaḥkaraṇa inferior liga o Campo de Energia Humana (personalidade) ao de Intencionalidade (também chamado de alma). Embora o sūtrātma esteja sempre ativo, e seja sempre contínuo, o mesmo não é completamente verdadeiro com o fio da consciência. Existe uma "lacuna" de consciência entre personalidade e alma. Esta lacuna também existe entre a alma e a Mônada (Campo da Potencialidade Pura), e é eliminada pela construção do antaḥkaraṇa superior.

O desenho abaixo ilustra isso:

E onde nós devemos concentrar nosso trabalho, considerando essa divisão? Na Meditação do Fio ou Tubo de Luz.

Nessa meditação, fazemos uma conexão com nosso fio de luz dourado solar, identificando e transmutando as crenças e valores bloqueadores, que estão relacionados a cada granthi (pontos de bloqueio da intencionalidade essencial) e que impedem a manifestação da Luz Primordial.

Sendo o campo da intencionalidade um nível mais profundo na natureza humana, ele corresponde à missão da nossa vida ou à nossa meta espiritual mais profunda. É neste nível que se encontra o nosso propósito. Sua estrutura é simples e consiste em três áreas distintas dispostas ao longo do campo que gera o canal central da energia (epicentro dos chakras). Cada uma das três regiões está bloqueada, em sua base, por um ponto chamado granthi (nó), conforme a tradição indiana. Eles são chamados de brahma, viṣhṇu e śhiva ou rudra.

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Brahma Granthi

Localizado no chakra da base (mūlādhāra chakra), representa a acomodação em velhas estruturas sem serventia, pelo medo de ver mais claramente a realidade e ter que modificá-la ou reconstruí-la. Mas, a partir do momento que este nó se desfaz, a grande verdade, clara e absoluta, se apresenta; os opostos se encontram, se entrelaçam e se fundem na imponente dança do fogo serpentino; uma impetuosa força se expande e sobe pelo canal central, alcançando a região chamada pelos chineses de Tan Tien, de cor dourada e dotada de uma profunda vontade – o desejo de existir, de ser e de viver num estado de manifestação física. Através da união da inteligência à sabedoria, da severidade à generosidade, da cabeça ao coração essa força divina se desenvolve e se expande em direção ao próximo nó.

Viṣhṇu Granthi

Localizado no chakra do coração (anāhata chakra), representa o medo de compreender o processo evolutivo, de abandonar a meta do autoconhecimento, enfim, de acordar do sonho de estar vivendo o grande teatro da “persona”. Ao transpor este portal, nosso anseio espiritual, o sagrado anseio que nos conduz pela vida, ressuscita-se e retoma o caminho em direção a sede da alma. E este diz respeito à missão de nossa vida. Seu cumprimento é o que desejamos fazer e o que nos faz sentir por que estamos aqui. Através da ressurreição, da tomada de consciência e do retorno ao dharma, esta luz celestial se desenvolve e se expande rumo ao último e derradeiro estágio de aprimoramento humano.

Śhiva Granthi

Localizado no chakra da fronte (ājñā chakra), representa o medo de perder a identidade, de romper com o mundo físico e de desestruturar o ego. Mas, ao superar este nó, a energia ascende ao ponto da individualidade e, assim, nos realizamos no mundo, completamos a meta e entendemos que não há separatividade entre eu e Deus; o Universo é minha plena expressão e eu sou a plena expressão do Universo. Ao ascendermos ao ponto da individualidade, nos ligamos à nossa realidade espiritual superior e realizamos a afirmação de que “eu e o Pai somos Um”.

MEDITAÇÃO DO TUBO DE LUZ – ANTAḤ-KĀRANA

a. Abertura:

À GRANDE FRATERNIDADE BRANCA UNIVERSAL,

À TODA PODEROSA FORÇA CÓSMICA DO AMOR UNIVERSAL,

AOS MESTRES ASCENSIONADOS DO RAIO DOURADO DO AMOR E DA SABEDORIA,

ÀS HOSTES ANGÉLICAS MENSAGEIRAS DA LUZ DIVINA,

AOS GRANDES DEVAS FORMADORES DA NATUREZA DIVINA

AOS MENTORES QUE COMPÕEM ESTA EGRÉGORA,

À TODAS AS ENTIDADES QUE AUXILIAM E PROTEGEM ESTE TRABALHO,

AOS SERES DE LUZ QUE SE FAZEM PRESENTES,

AOS MEUS GUIAS E PROTETORES,

À TODAS AS ENERGIAS DE LUZ QUE BUSCAM O CRESCIMENTO,

A HARMONIZAÇÃO E A UNIFICAÇÃO DA HUMANIDADE E DO PLANETA,

COLOCO-ME AO SEU SERVIÇO.

QUE MEU CORPO SEJA UM CANAL DE LUZ PARA OS TRABALHOS DE EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA DIVINA,

E QUE EU POSSA SENTIR E IDENTIFICAR CADA SINAL E ENSINAMENTO DOS SERES ILUMINADOS.

QUE EU POSSA ANUNCIÁ-LOS INTEGRALMENTE PARA O CRESCIMENTO INDIVIDUAL E COLETIVO.

QUE A LUZ SE FAÇA PRESENTE!

OM OM OM

b. Afirmações e Decretos de Proteção e Canalização da Luz:

MANTO DE LUZ (3X)

“EU SOU” “EU SOU” “EU SOU”

A VITORIOSA PRESENÇA DA ONIPOTÊNCIA DIVINA

QUE AGORA ME ENVOLVE EM MEU CHAMEJANTE E BRILHANTE

MANTO DE LUZ BRANCA

MANTENDO-ME INVISÍVEL E INVULNERÁVEL

A TODA CRIAÇÃO HUMANA

AGORA E PARA SEMPRE

O FOGO VIOLETA (9X)

“EU SOU” UM SER DE FOGO VIOLETA

“EU SOU” A PUREZA QUE DEUS DESEJA!

EU SOU LUZ

“EU SOU” LUZ,

LUZ RESPLANDECENTE, LUZ RADIANTE, LUZ INTENSIFICADA,

DEUS CONSOME A MINHA ESCURIDÃO, TRANSMUTANDO-A EM LUZ.

HOJE “EU SOU” UM FOCO DO SOL CENTRAL.

ATRAVÉS DE MIM CORRE UM RIO DE CRISTAL,

UMA FONTE VIVENTE DE LUZ

QUE NUNCA PODE SER CORROMPIDA

POR PENSAMENTOS E SENTIMENTOS HUMANOS

“EU SOU” UM POSTO AVANÇADO DO DIVINO.

A ESCURIDÃO QUE SE SERVIU DE MIM É CONSUMIDA AGORA

PELO PODEROSO RIO DE LUZ QUE “EU SOU”.

“EU SOU”, “EU SOU”, “EU SOU” LUZ;

EU VIVO, EU VIVO, EU VIVO NA LUZ.

“EU SOU” A MAIS COMPLETA DIMENSÃO DA LUZ;

“EU SOU” A MAIS PURA INTENÇÃO DA LUZ.

“EU SOU” LUZ, LUZ, LUZ

INUNDANDO O MUNDO ONDE QUER QUE EU VÁ,

ABENÇOANDO, FORTALECENDO E ANUNCIANDO

O PROPÓSITO DO REINO DOS CÉUS.

c. Ativação do Fio de Luz (Antahkarana):

Visualizar um fio de luz que desce sobre a cabeça, percorrendo todo o corpo e saindo pelo períneo. No alto, aproximadamente 1 metro acima do topo da cabeça, ele se abre como uma antena, captando as energias celestiais (a força angelical e a Divina Presença “EU SOU”). Embaixo, o fio de luz penetra na Terra e se enraíza, absorvendo a energia da Natureza (a força elemental).

1. Desbloqueio do 1º Nó:

Levar a atenção para a região do períneo, onde se encontra o 1º bloqueio do fio de luz e fazer o seguinte questionamento:

Quais são as velhas estruturas em que estou acomodado?
Que tipo de atitude me falta para modificá-la e reconstruí-la?
Por que tenho medo de ver com clareza a realidade?

Visualizar-se dentro de um tubo de luz violeta e fazer o decreto abaixo por 27 vezes:

EU SOU UM SER DE FOGO VIOLETA

EU SOU A VERDADE, A CLAREZA E A VONTADE QUE DEUS DESEJA.

Visualizar a força ígnea passando pelo 1º nó, subindo da base da coluna até o hara (região abdominal), transformando-se num intenso dourado.

2. Desbloqueio do 2º Nó:

Levar a atenção para a base do osso esterno (apêndice xifóide), onde se encontra o 2º bloqueio do fio de luz e fazer o seguinte questionamento:

Quais são as fantasias sobre a minha vida que ainda alimento?
Por que tenho medo de me entregar ao Propósito Divino?

Visualizar-se dentro de um tubo de luz violeta e fazer o decreto abaixo por 27 vezes:

EU SOU UM SER DE FOGO VIOLETA

EU SOU A ALEGRIA, O ENTUSIASMO E O AMOR QUE DEUS DESEJA.

Visualizar a força ígnea passando agora pelo 2º nó e preenchendo toda a região da “sede da Alma” (região torácica), transformando-se num intenso pêssego rosado.

3. Desbloqueio do 3º Nó:

Levar a atenção para a base do crânio logo acima do palato mole (sela túrcica), onde se encontra o 3º bloqueio do fio de luz e fazer o seguinte questionamento:

Quais as crenças que sustento para não aceitar que “eu e o Pai somos um”?
Por que tenho medo de me fundir a Deus?

Visualizar-se dentro de um tubo de luz violeta e fazer o decreto abaixo por 27 vezes:

EU SOU UM SER DE FOGO VIOLETA

EU SOU A AÇÃO, A SÍNTESE E A LUZ QUE DEUS DESEJA.

Visualizar a força ígnea passando pelo 3º nó e eclodindo pelo topo da cabeça como um chafariz de luz líquida branca opalina iridescente, espalhando-se a partir da “sede da Divina Presença” (região acima da cabeça) para todo o corpo. Repetir o seguinte decreto por 3 vezes:

A LUZ DE DEUS É SEMPRE VITORIOSA

E EU SOU A LUZ DE DEUS.

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