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FILOSOFIA CHINESA

A filosofia chinesa se caracteriza pelo aspecto prático, procurando orientar o ser humano sobre como se portar com harmonia em sua vida cotidiana, em oposição à especulação teórica pura típica da filosofia grega. O conceito de união com a natureza e o conceito de forças opostas Yin/Yang do taoismo também são elementos capitais na filosofia chinesa, bem como a ênfase na benevolência, justiça, retidão e respeito à autoridade. Como uma de suas obras fundamentais, cita-se o "Livro das Mutações", ou I Ching.

 

A filosofia chinesa tem seus primórdios em priscas eras, com tratados e comentários de textos divulgados antes, sobre ética e política. Uma das obras mais antigas, e que veio a influenciar toda a filosofia chinesa posterior, foi o I Ching (Livro das Mutações), um oráculo que foi criado antes de 1000 a.C. e que veio a ser adicionado de vários comentários ao longo dos séculos. A idade mais promissora da filosofia chinesa aconteceu no final da dinastia Zhou (século X a.C. - século III a.C.), que foi um período de grande instabilidade social no país. Nesse período, surgiram muitas escolas filosóficas que procuravam explicar e encontrar uma saída para o caos social do período. Essas escolas costumam ser agrupadas sob a denominação Cem Escolas de Pensamento, e abrangem os principais ramos da filosofia chinesaː confucionismo, taoismo, moismo, escola dos nomes (ou escola dos lógicos), legalismo e yin yang.

 

O filósofo K'ung-fu-tzu (Confúcio, 551 a.C. – 479 a.C.) desenvolveu o sistema filosófico-religioso do Confucionismo. Este, valoriza os preceitos da bondade, cortesia, moral, integridade, fidelidade e honra. Outro grande filósofo, deste mesmo período, foi Lao Tse. A ele é atribuída a autoria da obra fundadora do Taoismo – o Tao Te Ching.

 

Outros filósofos importantes foram: Mozi (470 a.C. - 391 a.C.), fundador do Moismo que enfatiza o pragmatismo. Chuang-Tzu: (369 a.C. - 286 a.C.) considerado um precursor do antinomismo, anarquismo, multiculturalismo e relatividade, e que criticava tanto os confucionistas quanto os moistas.

 

Durante a dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.), o confucionismo se tornou a ideologia de estado. A filosofia chinesa se expandiu a partir dos estudos dos doutos em Confúcio, e seu conhecimento, a par da benevolência e justiça, se tornou capital para a escolha dos mandarins e administradores imperiais chineses. Os livros mais estudados no período foram os chamados Cinco Clássicos. Destacou-se o nome de Dong Zhong Shu.

 

No período Wei-Chin (220 d.C. – 420 d.C.), o taoismo destacou-se. Os filósofos importantes do período foram Hsiang HsiuKuo HsiangWang PiGe Hong e Zhong Hui.

 

No período Sui-Tangue (581 – 907), se desenvolveram as versões chinesas de budismo (T'ien-T'aiHua-Yen e Ch'an), todas elas pertencentes à escola Mahayana. Os principais nomes do período foram Fa Zang e Hui Neng.

 

No período Sung-(Yuan)-Ming (960 – 1644), destacou-se o neoconfucionismo, que deram uma nova interpretação à obra de Confúcio, incorporando elementos do budismo e do taoismo. Na obra Margem da Água (século XIV), de Shi Nai'an, um dos quatro grandes romances clássicos da literatura chinesa, há inúmeras referências sobre o que seria a verdade, o que seria correto ou não. Do final da dinastia Ming (1368 – 1644) até a primeira república (1911 – 1923), floresceu o Xi Xue (conhecimento ocidental), que incluía matemática, ciências naturais e cristianismo.

 

Na Dinastia Qing (1644 – 1911), se destacou a pesquisa histórica. Os nomes principais do período foram Wang Fu ChiYen YüanTai Chen e K'ang Yu-wei.

 

Com o fim do período imperial em 1911, começou um processo de importação da filosofia ocidental, que, no entanto, foi interrompido com a ascensão do regime comunista em 1949, que reprimiu todas as ideologias diferentes do maoismo oficial (exceto na ilha de Formosa, onde o regime nacionalista permitiu a liberdade intelectual). O conceito tradicional chinês de respeito à autoridade levou os ideólogos do Partido Comunista Chinês a execrarem, por décadas, a filosofia chinesa, preferindo apoiar o marxismo e o pensamento de Mao Tsé Tung, sobretudo o expresso no Livro Vermelho. A repressão intensificou-se com a Revolução Cultural Chinesa, a partir de 1966. As universidades do país só reabriram em 1978. Seguiu-se um período de liberdade intelectual no país que durou até o Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989.

 

Recentemente, estudos aprofundados dos Analectos de Confúcio e de Mêncio levaram à reabilitação da filosofia chinesa tradicional junto às autoridades chinesas. Atualmente, destaca-se o neoconfucionismo, que procura realizar uma síntese entre Oriente e Ocidente, inclusive com a incorporação da ciência e da democracia ocidentais à filosofia chinesa. Destacam-se os nomes de Fung Yu-lanHo LinLiang Sou-mingHsiung Shih-liCh'ien MuTan Chün-iThomé H. FangHsü Fu-kuanMou Tsung-sanYu Ying-shiLiu Shu-hsienTu Wei-ming.

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Âncora 1
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Âncora 2

LAO-TSÉ (604 a.C. – 517 a.C.)

Foi um filósofo da China Antiga. A ele se atribui a fundação de um movimento filosófico que mais tarde se transformou em religião, o “Taoísmo”, cujo objetivo é a obtenção da "paz absoluta".

 

Lao-Tsé (Jovem Sábio), também conhecido como Lao Tsu, Lao-Tzu ou Lao Zi, nasceu provavelmente em Chu (atual Luyi), na província de Hunan, na China, no ano de 604 a.C., numa época em que a China era governada pela dinastia "Zhu" (1045 – 256 a. C.), e que ao longo dos anos o poder real praticamente desapareceu. Viveu numa época de grandes perturbações políticas, mas de intensa efervescência intelectual. Nesse período, dois filósofos importantes surgiram, Confúcio (551 – 479 a. C.), um reformista social e professor que pregava a justiça social e queria restaurar a ordem naquele momento de caos, e "Lao-Tsé" que pregava os ensinamentos para a vida simples, a obtenção da “paz absoluta” pela completa submissão à natureza, cujos valores são a pureza, calma, simplicidade e unidade.

 

O livro de Lao-Tsé

Nessa época, a China estava dividida em poderosos principados dirigidos por nobres, entretanto, a corte conservava ainda certo prestígio e continuava sendo a guardiã dos ritos. Conta a tradição chinesa que Lao-Tsé trabalhou muitos anos nos arquivos imperiais de Loyang, capital do estado de Chu, como zelador dos documentos oficiais da dinastia adquirindo conhecimento profundo dos ritos. Acumulou sabedoria pessoal, que o levou a criar uma doutrina, segundo a qual, o Tao (o caminho) é o princípio material e espiritual, criador e ordenador do mundo.

 

Ao completar 40 anos, Lao-Tsé opondo-se às intrigas e disputas na corte do rei Wen, decidiu abandonar o cargo na biblioteca real e iniciou uma grande viagem para as Terras do Oeste com o objetivo de converter os bárbaros que teriam inventado o budismo e o teriam introduzido na China. Em 550 a. C., quando se preparava para atravessar a fronteira foi reconhecido pelo guardião, que sabendo da sua sabedoria o reverenciou, conforme a tradição chinesa, pedindo para tornar-se seu discípulo. Que antes de sair da China, ele deixasse, por escrito, um registro de seus ensinamentos. Após três dias Lao-Tsé lhe entrega em 81 versos a síntese de sua sabedoria. O guarda deixou Lao passar e conta-se que ele nunca mais voltou à China. Posteriormente, os ensinamentos de Lao-Tsé viriam a formar o livro “Tao Te Ching” “O Livro do Caminho e da Virtude” (ou Livro de Lao-Tsé).

 

O Taoísmo

Lao-Tsé é tradicionalmente considerado o fundador do taoísmo - uma filosofia de vida e uma religião milenar que integra os fundamentos da tradição espiritual da China. O Taoísmo religioso propriamente dito surgiu no decorrer do século II a. C., com os discípulos de Lao-Tsé. O Livro do Caminho e da Virtude tornou-se o livro sagrado da religião. Nele, Lao-Tsé expõe a teoria de que toda ação voluntária do homem, perturba a ordem natural do universo. Segundo ele, o homem deve “agir sem intenção preconcebida, sem alvos prefixados, agir segundo aquilo que somos de acordo com a natureza”.

 

No livro, o objetivo primordial do indivíduo é visto como sendo a obtenção da “paz absoluta” pela completa submissão à natureza, cujos valores são a pureza, calma, simplicidade e unidade. A soberana indiferença é a atitude que vai caracterizar o “sábio”, aquele que ensina a não-ação. Guerras, governos, convenções e cerimônias são igualmente consideradas destrutivas por não serem fatos “naturais”.

 

Curiosidades: 

  • O primeiro mosteiro taoísta foi construído no suposto local onde Lao-Tsé teria desaparecido em direção ao oeste.

  • Dois manuscritos do "Livro de Lao-Tsé", copiados em peças de seda foram encontrados em uma sepultura em Mawangdui (Hunan).

 

Frases do Livro "Tao Te Ching"

  • Ser profundamente amado por alguém nos dá força, amar alguém profundamente nos dá coragem.

  • Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder.

  • A alma não tem segredo que o comportamento não revele.

  • É fácil apagar as pegadas, difícil, porém, é caminhar sem pisar no chão.

  • O motivo pelo qual não é fácil para as pessoas viverem em paz, está no fato de saberem demais.

  • Quando renunciamos a saber, desembaraçamo-nos de nossas inquietações.

  • As palavras verdadeiras não são agradáveis, e as agradáveis não são verdadeiras.

  • O Insondável (Tao) que se pode sondar não é o verdadeiro Insondável.

  • O sábio tudo realiza – e nada considera seu. Tudo faz – e não se apega à sua obra.

  • Quanto mais falamos no Universo, menos o compreendemos. O melhor é auscultá-lo em silêncio.

  • Quem faz grandes coisas e delas não se envaidece, esse realiza o céu em si mesmo.

  • O oleiro faz um vaso, manipulando a argila, mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade.

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Âncora 3

CONFÚCIO ou K’UNG FU TZŬ (551 a.C. – 479 a.C.)

 

Nasceu em 551 a.C e ficou órfão de pai aos três anos de idade. Sua família era nobre, mas se encontrava empobrecida. Desde muito cedo trabalhou para ajudar no sustento da casa e se emprega como pastor, guarda-livros, etc. Na adolescência decide aprofundar seus estudos e tornar-se um sábio.

 

Confúcio não fazia distinção entre seus discípulos e se propunha a ensinar a todos, algo inédito na sociedade chinesa da época. Sua filosofia, baseada na bondade humana e na benevolência, influenciou a cultura chinesa e asiática. Para Confúcio a única desigualdade entre os homens deveria ser entre aqueles que queriam adquirir conhecimentos ou não.

 

Ele considerava que pessoas diferentes necessitam métodos de ensino e obras diferenciados, mas não rejeitava um discípulo por conta da sua condição social. Como era costume, os discípulos acompanhavam o mestre em suas andanças. Por isso, escutavam e questionavam o mestre sobre diversos temas. Nesses diálogos é que acontecia a aprendizagem. O objetivo dos seguidores era adquirir sabedoria para se empregarem como funcionários ou mestres.

 

Apesar de muitos considerarem o confucionismo como religião, na verdade, não podemos considerá-lo como tal. Afinal, Confúcio não pregava a adoração de um Deus ou instituiu dogmaticamente uma crença. Seu pensamento estava destinado a servir como orientação para uma vida melhor.

 

Morre aos 72 (ou aos 73) anos na sua cidade natal, entristecido porque nenhum príncipe se interessou por seus ensinamentos.

 

Contexto Histórico

A partir do século VII a.C, ocorrem guerras e profundas mudanças sociais que desmoronam o sistema feudal. Muitos funcionários percorreram o território chinês sem ocupação e ofereceram seus conhecimentos para aqueles que desejavam adquirir sabedoria.

 

Desta maneira, os funcionários se transformam em mestres particulares e nesta época surgem as duas correntes de pensamento chinês: o Taoísmo, com Lao-Tsé, e o Confucionismo.

 

Confúcio também vai de principado em principado oferecendo seus serviços e é considerado o primeiro professor particular da China.

Filosofia

A filosofia de Confúcio se baseia na bondade humana e pode ser resumida na célebre frase "não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem a ti." A seguir, confira uma síntese das ideias de Confúcio sobre alguns temas:

 

Natureza Humana

Segundo Confúcio, o ser humano é bom por natureza. O pensador chinês rompe com a concepção aristocrática de homens superiores e inferiores. Ele dá um sentido moral e independente de sua condição de nascimento uma pessoa deve procurar se aperfeiçoar moralmente.

 

Que virtudes o ser humano deve cultivar? Sabedoria, sentido de responsabilidade, benevolência (sentido de humanidade) e a capacidade de se colocar no lugar do outro.

 

Por que devemos nos preocupar com os demais? É nosso dever. O homem verdadeiramente moral, não faz esta pergunta. A segunda resposta seria o pacto social: eu me comporto bem e espero que os outros se comportem bem comigo e assim podemos viver em sociedade.

 

Governo

Segundo Confúcio, um bom governo se baseava na preocupação do bem-estar, na felicidade dos indivíduos, no bom exemplo do uso do poder e na confiança na bondade humana.

 

Confúcio também alertava que os governantes deveriam estar atentos ao que chamamos hoje de “bem comum”. Igualmente, o povo teria direito de se rebelar, caso visse que seus interesses não estavam bem defendidos.

 

Religião

O confucionismo rompe com a religião tradicional da época. Na China acreditava-se numa vida pós-morte onde a hierarquia social na terra se repetiria no outro mundo. Assim, um nobre continuaria sendo nobre e um servo continuaria a servir este mesmo nobre.

 

Confúcio chama atenção dos discípulos que não deveriam se preocupar com o mundo após a morte, porque não era possível conhecê-lo nesta vida. Assim era melhor cultivar virtudes que nos ajudassem a ser melhores pessoas e ainda auxiliar a outras a serem felizes. Neste ponto, as ideias de Confúcio se parecem com as dos agnósticos.

 

Obras

Apesar de ser um filósofo renomado é pouco provável que Confúcio tenha escrito algo em vida. Seus livros, provavelmente, são coletânea recolhidas por seus discípulos. Em seus aforismos é preciso ser um leitor muito ativo, pois aquelas frases são ditas para provocar e deixar que o leitor tire suas próprias conclusões.

 

Suas ideias se encontram reunidas nos Quatro Livros:

  • Lun Yu - Diálogos, Analectos

  • Dà Xué - Grande Ensinamento

  • Zhong Young - A Doutrina do Meio.

  • Mêncio - Mèng Zi

 

Frases de Confúcio

  • Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

  • Se queres prever o futuro, estuda o passado.

  • O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum aos outros.

  • O silêncio é um amigo que nunca trai.

  • Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.

  • Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.

  • Muito sabe quem conhece a sua própria ignorância.

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Âncora 4

SUN TZŬ (544 a.C. - 496 a.C.)

 

Foi um general, estrategista e filósofo chinês. Sun Tzŭ é mais conhecido por sua obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares. Sun Tzŭ, contemporâneo do filósofo Confúcio (551-479 a.C.), viveu numa época em que a filosofia era também usada como arma para a sabedoria das estratégias e táticas militares e assim, os pensadores eram colocados à frente dos exércitos que disputavam o controle da soberania.

 

Sun Tzŭ, também grafado como Sunzi, foi uma figura histórica cuja existência é questionada por vários historiadores. Seu nome de nascimento era Sun Wu, sendo Sun o seu sobrenome, e Tzŭ um título que significa "Mestre". Tradicionalmente, Sun Tzŭ terá vivido no Período das Primaveras e Outonos da China (722 a.C. – 481 a.C.) como general do Rei Hu Lu. Historiadores mais recentes, que admitem a sua existência, datam o seu trabalho, A Arte da Guerra, do Período dos Reinos Combatentes (476 a.C. – 221 a.C.), baseado nas descrições da guerra desse livro, e pela semelhança da forma de redação do texto com outros trabalhos feitos no início do período dos Reinos Combatentes. As vitórias de Sun Tzŭ inspiraram-no a escrever a Arte da Guerra. A Arte da Guerra foi um dos tratados militares mais lidos na sequência do Período dos Reinos Combatentes, um período de guerras contínuas entre sete nações (Zhao, Qi, Qin, Chu, Han, Wei e Yan) que lutaram para controlar os vastos territórios férteis da região Leste da China.

 

Sun Tzŭ, segundo alguns estudiosos, faleceu em 496 a.C., mais nada se sabe sobre sua morte.

 

Durante os séculos XIX e XX, A Arte da Guerra de Sun Tzŭ, ganhou grande popularidade sendo adaptado na prática pelo mundo Ocidental, continuando os seus trabalhos a influenciar as culturas e políticas tanto dos mundos Asiático como do Ocidental. A Arte da Guerra representa uma filosofia de guerra para gerir conflitos e vencer batalhas. É aceita como obra-prima em estratégia e frequentemente citada e referida por teóricos e generais, desde que foi publicada, traduzida e distribuída por todo o mundo.

 

Esta obra não só é popular entre teóricos militares, mas também tem vindo a crescer de interesse, e a ser utilizada, no campo político, em particular os seus líderes, e no mundo empresarial. Embora o seu título remeta para a guerra, este livro descreve o conceito de estratégia de um modo amplo, abrangendo o planejamento e a administração pública. O texto estabelece teorias de batalha, mas também defende a diplomacia e o relacionamento com outros povos como fatores essenciais ao bem-estar do Estado.

 

A Arte da Guerra de Sun Tzŭ influenciou muitas figuras históricas. Segundo a tradição, o primeiro imperador da China unificada, Qin Shi Huang, considerava que o livro tinha um valor incalculável, no final do Período dos Reinos Combatentes. O livro foi introduzido no Japão por volta do ano de 760, e rapidamente se tornou bastante popular entre os seus generais. O livro contribuiu, também, para a unificação do Japão. O domínio do livro era reconhecido e apreciado entre os samurais (cobrador de impostos que ganhou funções militares e virou soldado da aristocracia), e os seus ensinamentos eram transmitidos e exemplificados por daimyō (poderosos senhores de terras que governaram o Japão do século X a meados do século XIX) e shogun (título militar usado no período do Japão feudal, concedido diretamente pelo Imperador ao general que comandava o exército).

Frases de Sun Tzŭ

  • Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...

  • Aquele que se empenha a resolver as dificuldades resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos triunfa antes que as suas ameaças se concretizem.

  • As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.

  • A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.

  • Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível.

  • A evolução do Homem passa, necessariamente, pela busca do conhecimento.

  • A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.

  • A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.

  • Se não é vantajoso, nunca envie suas tropas; se não lhe rende ganhos, nunca utilize seus homens; se não é uma situação perigosa, nunca lute uma batalha precipitada.

  • Um soberano jamais deve colocar em ação um exército motivado pela raiva; um líder jamais deve iniciar uma guerra motivado pela ira.

  • A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada de genialidade.

  • Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar.

  • E como a felicidade pode se transformar na insatisfação, assim o desespero pode sumir no despertar de uma nova primavera. Com cada dia, pode nascer um outro entendimento de nosso estado, nossos laços e objetivos.

  • A manobra contribui para a liberdade de ação e reduz as próprias vulnerabilidades.

  • Lutar e vencer todas as batalhas não é a glória suprema. A glória suprema consiste em quebrar a resistência do inimigo sem lutar.

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Âncora 5

MÊNCIO OU MENG TZŬ (370 a.C. – 289 a.C.)

 

Literalmente "Mestre Meng", pseudônimo de Ji Mèngkē, foi um filósofo chinês, o mais eminente seguidor do confucionismo depois de Confúcio e verdadeiro sábio. O termo também pode ser uma referência ao livro que reúne seus pensamentos.

 

Mêncio nasceu na cidade-estado de Zoucheng, na atual província de Shandong. Acredita-se que tenha sido discípulo do neto de Confúcio, Zisi. Tornou-se filósofo itinerante e livre e foi um dos principais intérpretes do confucionismo. Assim como o mestre Confúcio, segundo a lenda, ele viajou pela China durante quarenta anos oferecendo seus conselhos e orientando reformas. Só depois dos quarenta anos de idade, Mêncio se tornou conhecido, após uma vida meditativa e envolta em estudos sobre os problemas sociais e morais.

 

Entre os anos de 319 e 312 a.C., durante o Período dos Estados Combatentes (403 a.C. a 221 a.C.), foi um acadêmico da Academia Jixia, no estado de Qi. Durante três anos, afastou-se dos seus deveres oficiais para com o estado de Qi para lamentar a morte de sua mãe, em respeito ao princípio confucionista da piedade filial. A mãe de Mêncio é tida como uma figura feminina exemplar na cultura chinesa. Uma das mais tradicionais expressões idiomáticas chinesas éː "mãe de Mêncio, três mudanças". A expressão se refere à lenda de que a mãe da Mêncio mudou três vezes de endereço antes de escolher o lugar onde iria criar Mêncio. A expressão simboliza a importância de se escolher bem o lugar onde se vai criar uma criança. Outra história também enfatiza a importância da mãe de Mêncio em sua trajetória. Certa época, Mêncio estava displicente em relação a seus estudos. Sua mãe, então, cortou, com tesouras, na frente de Mêncio, um tecido que ela estava costurando. O gesto simbolizava que não se pode parar uma tarefa pela metade. Mêncio entendeu e voltou a se aplicar nos estudos.

 

Sua interpretação do confucionismo foi, em geral, considerada como a versão ortodoxa pelos filósofos chineses subsequentes, especialmente os neoconfucionistas da Dinastia Song. Vários senhores feudais se tornaram seguidores de Mêncio, e alguns dizem que Mêncio se tornou mais influente do que o próprio Confúcio.

 

Ideologia

Em sua obra conhecida por Mengzi, defende que o homem é bom por natureza e deve desenvolver uma conduta razoável e reta. Um homem, vendo uma criança à beira de um poço fundo, iria resgatar esta criança, mesmo arriscando a vida; até mesmo os mais moralmente degenerados fariam isso, sem pensar se isto traria recompensas dos pais ou se seria admirado por isso – isso seria feito por causa de sua natureza boa.

 

O Mengzi, livro que leva seu nome e reúne seus diálogos com os reis de seu tempo, constitui-se numa das quatro obras que formam o cerne do confucionismo ortodoxo. Em contraste com o estilo de Confúcio, que escrevera de forma sintética, Mêncio oferece longos diálogos, com extensa prosa.

 

Segundo este pensador, no coração de todo ser humano há quatro sentimentos naturais ou tendências que lhe orientam para o bom caminho:

  1. O sentimento de compaixão ou empatia;

  2. O sentimento de vergonha ou arrependimento;

  3. O sentimento de respeito e modéstia, e

  4. O sentimento que difere o bem do mal ("bem" e "mal" no sentido socialmente determinado).

 

Esses sentimentos são uma espécie de raiz que, cultivada, desenvolve as virtudes da benevolência, retidão, urbanidade e sabedoria. Mêncio intentou influir nos governantes de seu tempo para que criassem as condições mais favoráveis para o desenvolvimento das pessoas.

 

Em seus escritos, deixou dito que o governante sábio é aquele que se preocupa com o bem-estar de seu povo:

O soberano inteligente organiza a produção de seus súditos de forma que possam sustentar a seu pai e a sua mãe, a seus filhos e esposas, que nos anos bons possam comer à vontade, e nos maus não morrer de fome. Uma vez alcançado isto, os dirigirá até a prática do bem e o povo o seguirá”. (Mengzi, 1 a 7).

 

Visando a proteger os desfavorecidos e idosos, Mêncio defendia o livre-comércio, baixas alíquotas tributárias e uma carga tributária mais igualitária. Desapontado com o fracasso para operar as mudanças em seu mundo contemporâneo, aposentou-se da vida pública.

 

Dentro da filosofia confucionista, a importância de Mêncio é superada apenas pela de Confúcio.

 

Frases de Mêncio

  • Vivemos, não como gostaríamos, mas como podemos.

  • A verdade expressa antes de seu tempo é sempre perigosa.

  • A felicidade e a infelicidade vêm de nós próprios.

  • Não há deleite maior do que estar consciente da sinceridade no exame de consciência.

  • Um homem grandioso é aquele que não perde seu coração de criança. Ele não calcula que suas palavras devem ser sinceras, nem que seus atos devem ser resolutos; ele simplesmente faz a coisa certa.

  • A humanidade teme um homem maldoso, mas o céu não.

  • Palavras gentis não adentram tão profundamente num homem quanto uma reputação de bondade.

  • Se o rei ama música, há pouca coisa errada no reino.

  • O mal existe para glorificar o bem. O mal é o bem negativo. É um termo relativo. O mal pode ser transformado em bem. O que é mau para alguém agora, pode tornar-se bom para outro depois.

  • O matrimônio é o grande dever do homem.

  • O grande homem é aquele que não perde o coração de criança.

  • Um homem não deve fazer o que seu senso de direito lhe diz para não fazer, nem desejar o que ele o proíbe de desejar. Isso é o bastante. O artista hábil não alterará seus meios para agradar um estúpido operário.

  • Não é difícil governar. Tudo o que se tem de fazer é não ofender as famílias nobres.

  • Toda obrigação é uma farda, mas a farda de alguém é o sustento de todos os outros.

  • Quando na abundância, esteja preparado para a necessidade.

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