CÍTARA * Espiritualismo & Yoga

COMUNIDADE INICIÁTICA DO TRATAMENTO DA ALMA, REGENERAÇÃO E ASSISTÊNCIA

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
A Filosofia Contemporânea é aquela desenvolvida a partir do final do século XVIII, que tem como marco a Revolução Francesa, em 1789. Engloba, portanto, os séculos XVIII, XIX e XX. Note que a chamada "filosofia pós-moderna", ainda que para alguns pensadores seja autônoma, ela foi incorporada a filosofia contemporânea, reunindo os pensadores das últimas décadas.
Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela Revolução Industrial Inglesa, que tem início em meados do século XVIII. Com isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao mesmo tempo que se vislumbra o avanço tecnológico e científico.
Nesse momento são realizadas diversas descobertas. Destacam-se a eletricidade, o uso de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo, da fotografia, do cinema, do rádio, etc. As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é disseminada em todas as sociedades do mundo.
Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e as convicções ancoradas no progresso técnico-científico. Já no século XX, o panorama começa a mudar, refletido numa era de incertezas, contradições e dúvidas geradas pelos resultados inesperados.
Acontecimentos desse século foram essenciais para formular essa nova visão do ser humano. Merecem destaque as guerras mundiais, o nazismo, a bomba atômica, a guerra fria, a corrida armamentista, o aumento das desigualdades sociais e a degradação do meio ambiente.
Assim, a filosofia contemporânea reflete sobre muitas questões, sendo que a mais relevante é a "crise do homem contemporâneo". Ela está baseada em diversos acontecimentos. Destacam-se a revolução copernicana, a revolução darwiniana (origem das espécies), a evolução freudiana (fundação da psicanálise) e ainda, a teoria da relatividade proposta por Einstein.
Nesse caso, as incertezas e as contradições tornam-se os motes dessa nova era: a era contemporânea.
Escola de Frankfurt
Surgida no século XX, mais precisamente em 1920, a Escola de Frankfurt foi formada por pensadores do “Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt”. Pautada nas ideias marxistas e freudianas, essa corrente de pensamento formulou uma teoria crítica social interdisciplinar. Ela aprofundou em temas diversos da vida social nas áreas da antropologia, psicologia, história, economia, política, etc. De seus pensadores merecem destaque os filósofos: Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Jurgen Habermas.
Indústria Cultural
A Indústria Cultural foi um termo criado pelos filósofos da Escola de Frankfurt Theodor Adorno e Max Horkheimer. O intuito era analisar a indústria de massa veiculada e reforçada pelos meios de comunicação. Segundo eles, essa “indústria do divertimento” massificaria a sociedade, ao mesmo tempo que homogeneizaria os comportamentos humanos.


GÖETHE (1749 — 1832)
Foi um escritor, romancista, dramaturgo, filósofo e estadista alemão do Sacro Império Romano-Germânico. Johann Wolfgang Von Göethe nasceu em Frankfurt, no dia 28 de agosto de 1749. Versátil, ele atuou também na esfera das Ciências Naturais. No cenário alemão ele adquiriu supremo destaque, figurando entre as personagens mais ilustres da literatura alemã em fins do século XVIII e princípio do século XIX. Ao lado do filósofo e poeta Friedrich Schiller ele liderou a corrente do romantismo alemão conhecida como Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto).
De sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento.
Primogênito de Johann Kaspar Göethe, um advogado de prestígio, cultor de cultura elevada e apaixonado pelas artes, Conselheiro da Corte de Frederico II, teve uma educação primorosa, a princípio administrada pelo próprio pai, depois completada por tutores particulares. Göethe ingressou na Universidade de Leipzig em 1765, no curso de Direito. Aí ele também cultiva profunda simpatia pelo desenho e pela pintura. Nesta época o futuro escritor se dedica também aos prazeres da boemia.
Com a saúde enfraquecida, Göethe volta para sua terra natal com o objetivo de resgatar suas forças. Com mais tempo disponível, ele se devota a leituras e também a práticas alquímicas e astrológicas. Já curado, é enviado pela família para Strasbourg, na Alsácia, para concluir a faculdade de Direito. Graduado, ele exerce por um curto período esta profissão, enveredando em 1770 pelo campo da literatura, quando conhece o movimento Sturm und Drang, o qual viria a liderar. Nesta mesma época ele trava amizade com o filósofo e escritor alemão Johann Gottfried Herder.
Exercendo o Direito na cidade de Wetzlar, centro da corte de Justiça Imperial, ele conhece Charlotte Buff, por quem se apaixona perdidamente, apesar de sua musa ser noiva de um colega. Esta paixão quase o conduz ao suicídio, evento que posteriormente seria o mote inspirador do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de 1774 tornando-se famoso em toda a Europa. Mais tarde, houve um amadurecimento de sua produção, influenciada sobretudo pela parceria com Schiller. Göethe tem expressiva participação em dois movimentos literários fundamentais, o Romantismo e o Expressionismo.
No ano de 1775 ele parte para Weimar, a convite de Carlos Augusto, recém-empossado no governo de Saxe-Weimar-Eiisenach. Em breve o povo local denuncia uma suposta má influência do escritor sobre o príncipe, que imediatamente nomeia Göethe como ministro de seu governo, o qual assume algumas tarefas administrativas. Em 1780 ele passa a integrar o Illuminati ou Maçonaria Iluminada, sociedade secreta que, na época, influenciava parte da elite européia. Seis anos depois ele segue viagem por toda a Itália, país no qual produz o drama Torquato Tasso, a peça Ifigênia em Taúrides e os célebres poemas que ele compilaria no livro Elegias Romanas. Ao retornar ele conhece a Senhora Schopenhauer, genitora do filósofo Arthur Schopenhauer.
Um de seus contatos mais importantes se dá com Friedrich von Schiller, seu companheiro de residência em Weimar. O intercâmbio de ambos marca um dos momentos mais importantes da literatura alemã. O poeta estimula vivamente Göethe a concluir aquela que se tornaria sua obra prima, o drama trágico Fausto. A primeira parte é lançada em 1806; a segunda é publicada postumamente, em 1833.
Ele contrai matrimônio com Christiane Volpius, em 1806, mas ela morre dez anos depois. Outra morte o abala muito, a de seu grande amigo Schiller, morto em 1805. No mesmo ano em que ele se casa, Weimar é tomada pelos franceses; dois anos depois o escritor é condecorado por Napoleão com a cruz da Legião da Honra. A Revolução Francesa o toma de surpresa, e contribui para que Göethe decida publicar a segunda parte de seu clássico apenas depois de sua morte, pois acredita que sua obra será legada ao esquecimento. Göethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo.
Göethe morre na cidade de Weimar, no dia 22 de março de 1832, com 82 anos. Ao morrer, profere uma famosa frase: "deixem entrar a luz".
Frases
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Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar.
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Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.
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Todo anseio humano é, na verdade um anseio por Deus.
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Quando tiveres cumprido o teu dever, resta-te ainda outro: mostrares-te satisfeito.
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Ninguém falaria tanto na presença dos outros se soubesse quantas vezes se é mal interpretado.
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Vá até onde puder ver; quando lá chegar poderá ver ainda mais longe.
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Perigoso é aquele que não tem nada a perder.
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A fidelidade é o esforço de uma alma nobre para igualar-se a outra maior que ela.
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Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.
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Um grande sacrifício é fácil, os pequenos sacrifícios contínuos é que custam.
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Qual é o melhor governo? Aquele que nos ensina a governar-nos.
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Não há homem de valor que permita que lhe arranquem do peito a fé na imortalidade.
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Que o homem seja nobre, prestativo e bom, pois só isso o distingue de todos os outros seres.

HEGEL (1770 – 1830)
Georg Wilhelm Friedrich Hegel foi um filósofo alemão idealista que abriu novos campos de estudo na História, Direito, Arte, entre outros, através dos seus postulados e da lógica dialética. O pensamento de Hegel influenciou pensadores como Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer, Friedrich Engels e Karl Marx.
Hegel nasceu em 27 de agosto de 1770, em Stuttgart, na Alemanha. Era o mais velho de três irmãos, filhos de um funcionário público do ducado de Württemberg. Fez seus estudos em casa com tutores e a mãe, mas também no colégio local, onde permaneceu até os 17 anos.
Aprendeu latim com a mãe, além de estudar grego, francês e inglês e muito cedo teve contato com os clássicos gregos e romanos. Apesar de sua sólida educação humanista, Hegel teve uma ótima formação científica. Perdeu a mãe aos 13 anos, e ficou aos cuidados de uma irmã, Cristiana.
Com incentivo do pai, em 1788, ingressou no seminário da Universidade Tübingen a fim de ser pastor. Entre seus companheiros estavam o filósofo Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775- 1854) e o poeta Friedrich Hölderlin (1770 - 1843).
Quando Hegel tinha 18 anos, ocorre a Queda da Bastilha, e mais tarde os eventos que comporiam a Revolução Francesa. Entre as consequências do fato histórico está a posterior invasão da Prússia pelo exército francês. A essa altura, a Alemanha não estava organizada como Estado unificado sendo conglomerado de ducados, principados e condados.
Em 1793, começa a atuar como tutor privado em Berna, na Suíça. No ano seguinte, aconselhado por Hölderlin, começa a análise dos escritos de Immanuel Kant (1724-1804) e Johann Fichte (1762-1814).
Em conjunto com Schelling, Hegel escreveu "O Mais Antigo Programa de um Sistema de Idealismo Alemão". Entre as ideias da obra está a de que o Estado é puramente mecânico. Por isso, é necessário transcender o Estado, e os homens livres devem ser tratados como parte da engrenagem que permite seu funcionamento.
Hegel deixa a tutoria em 1779, e passa a viver da herança paterna. A partir de 1801, Hegel vai trabalhar na Universidade de Jena, onde permanece até 1803, em companhia de Schelling. No período em que deu aulas em Jena, Hegel esgotou o legado deixado pelo pai e passou a trabalhar no jornal de orientação católica Bamberger Zeitung, em Nuremberg. Nessa fase da vida, se casa, tem três filhos e continua os estudos da Fenomenologia. Enquanto viveu em Nuremberg, Hegel publicou vários fascículos de a "Ciência da Lógica" nos anos de 1812, 1813 e 1816. A partir de 1816, o filósofo aceita ser professor de filosofia na Universidade de Heidelberg.
Morre em Berlim, em 14 de novembro de 1831, vítima de uma epidemia de cólera.
Filosofia
A filosofia de Hegel pode ser compreendida através de sua obra principal “A Fenomenologia do Espírito”, escrita em 1807. Trata-se de uma introdução ao sistema lógico criado por Hegel que compreende três partes: a Lógica, a Filosofia da Natureza e a Filosofia do Espírito. Este livro pretende superar a dualidade entre o sujeito cognoscente e o sujeito cognitivo e assim aproximá-lo do Absoluto, da Ideia Absoluta, da Verdade.
Para chegar ao Absoluto, o homem precisa questionar suas certezas e neste caminho de dúvidas, estará pronto para pensar filosoficamente e então, conhecer o Absoluto. O Absoluto age através do homem e se manifesta no desejo que este tem de conhecer a verdade. Desta forma, quanto mais o sujeito se conhece, mais está perto do Absoluto.
Para Hegel tudo aquilo que pode ser pensado é real e tudo que é real pode ser pensado. Não existiria, a priori, limite para o conhecimento, na medida em que a racionalização pode ser realizada através do sistema dialético.
Dialética
A dialética é um conceito filosófico que é utilizado por vários pensadores. A dialética de Platão, por exemplo, seria uma forma de diálogo onde era possível chegar a obter o conhecimento.
Hegel aponta que toda ideia – tesis – pode ser contestada através de uma ideia contrária, a antítese. Essa disputa entre a tesis e antítese seria a dialética. Assim, o processo é regido por uma lógica dialética. No entanto, longe de prejudicar a tesis, a discussão entre duas ideias opostas daria origem a síntese que seria uma ideia aperfeiçoada.
Frases de Hegel
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A tarefa da filosofia é entender o que é a razão.
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Nada de grande se realizou no mundo sem paixão.
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A realidade é racional e que toda a racionalidade é real.
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A necessidade geral da arte é a necessidade racional, que leva o homem a tomar consciência do mundo interior e exterior, e a fazer um objeto no qual se reconheça a si próprio.
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A história ensina que os governos e as pessoas nunca aprendem com a história.
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Quem quer algo de grande, deve saber limitar-se. Quem, pelo contrário, tudo quer, nada, em verdade, quer e nada consegue.
Obras
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Fenomenologia do Espírito (1807)
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Propedêutica Filosófica (1812)
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Ciência da Lógica (1812-1816)
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Enciclopédia das Ciências Filosóficas (1817)
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Princípios da Filosofia do Direito (1820)

SØREN KIERKEGAARD (1813 - 1855)
Foi um filósofo dinamarquês, considerado o precursor da Filosofia Existencial, que combatia a Filosofia Especulativa e discutia propósitos, causas e consequências das ações humanas no âmbito da realidade do indivíduo.
Søren Aabye Kierkegaard nasceu em Copenhague, Dinamarca, no dia 5 de maio de 1813. Seu pai, Michael Kierkegaard, viúvo e sem filhos, casou com a governanta da família, Ana Srensdatter, com quem teve sete filhos. Søren era o mais novo e ao nascer seu pai tinha 56 anos e sua mãe 45, razão que o levou a dizer que era “um filho da velhice”.
A relação de Søren com seu pai marcou profundamente sua personalidade e criou um alicerce de muitas de suas futuras obras. Conta-se que o pai era pastor na juventude e que um episódio traumático destruiu sua fé. Acreditava ter recebido a ira de Deus por ficar viúvo e engravidar a mãe de seus filhos antes de casar. Acreditava que seus filhos não iriam sobreviver e cinco deles morreram.
Em 1830, Søren ingressou no curso de Teologia na Universidade de Copenhague, mas abandonou o curso e se voltou para a Filosofia. Com a morte do pai em 1838, herdou uma grande fortuna que lhe permitiu dedicar-se apenas aos estudos. Concluiu o Doutorado em Teologia em 1841 quando defendeu sua tese intitulada “O Conceito da Ironia Constantemente Referida a Sócrates”. Conta-se que nunca quis ordenar-se ministro da Igreja Luterana.
Segundo relatos, Søren viveu sob o complexo de mártir, pois era ligeiramente corcunda e tinha uma perna mais cumprida que a outra. Após romper um noivado, escolheu a solidão e a retidão, pois era a única maneira de lidar com a fé religiosa e administrar o fracasso que assolou sua família.
Søren Kierkegaard faleceu em Copenhague, Dinamarca, no dia 11 de novembro de 1855.
O Existencialismo de Kierkegaard
Søren Kierkegaard foi o primeiro que de maneira explicita colocou as questões existencialistas como principal foco do exame filosófico da vida humana. Todo o seu pensamento é desenvolvido a partir do seu íntimo, onde encontra os elementos considerados por ele como importantes para sua filosofia. O resultado de seu pensamento foi uma novidade para a época, pois estava muito mais de acordo com suas experiências do que com outras teorias anteriores ao seu tempo.
Søren partiu da ideia de que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e vivê-la de maneira íntegra, sincera e apaixonada, mesmo com os inúmeros obstáculos que podem surgir. O existencialismo rejeita a ideia de alma imutável, dando ao indivíduo o papel de construtor de sua própria realidade. Toda sua energia se transformou em inspiração para a produção literária que aborda temas diversos da existência humana.
Kierkegaard é um profundo cristão, e tenta viver seu cristianismo também de forma verdadeira e profunda, e para ele isso significava estar em constante luta interior, em temer, ter escrúpulos, se angustiar, se rebaixar e se humilhar. Para ele o cristianismo não é uma cultura, a cultura é a cristandade, o cristianismo não pode se prender às aparências, pois viver o verdadeiro cristianismo é decidir toda a eternidade. Cristianismo é inquietação do espírito, é temor e tremor constante de quem tem que um dia prestar conta da vida que levou.
Ele acreditava que a história tinha transformado o cristianismo em cultura cristã superficial, uma cultura desenvolvida para facilitar responder à busca de um sentido para a vida com elementos sem importância. O cristianismo é visto como um instrumento para viver a vida em paz e serenidade. Essa forma de cristianismo esconde e dissimula o verdadeiro aspecto do cristianismo. As pessoas que assim vivem brincam de ser cristãos.
O ser humano é finito e têm que constantemente fazer escolhas, essas escolhas podem levar o indivíduo a uma vida ética e essa vida ética pode levar as pessoas a uma vida de fé, e é na fé que o sujeito pode se encontrar com a singularidade de Deus. Mas a fé vai além da ética e o exemplo é Abraão que pela fé escolhe matar o próprio filho. A escolha de Abraão é uma escolha trágica e conflituosa, como todas as outras escolhas de um verdadeiro cristão.
Outro conceito importante para Kierkegaard é o de angústia, pois nela se expressa a possibilidade da liberdade de escolha, e é ela que nos encaminha para a verdadeira fé, e a fé nos livra do desespero. A fé torna nossa existência autêntica, pois somente através da fé podemos acessar a transcendência em Deus.
Kierkegaard, criticando Hegel - para quem uma das tarefas da filosofia era conceituar o mundo -, diz que a filosofia está interessada somente em criar conceitos e não se preocupa com a existência concreta dos indivíduos e de suas relações. Nossa existência não é um conceito. Os filósofos constroem castelos conceituais, mas vivem em celeiros existenciais.
A filosofia não deve ser utilizada para justificar o cristianismo, pois o verdadeiro cristianismo é crença e não justificação, e essa crença é subjetiva, ou seja, a relação com Deus é direta, não existe ninguém entre o indivíduo e Deus.
A existência humana é liberdade, pois os indivíduos são o que escolheram ser, o que escolheram fazer da sua existência dentro das suas possibilidades, inclusive da possibilidade de não escolher e ficar paralisado ou de se perder. A percepção dessa possibilidade causa a angústia pelo futuro a ser definido pela liberdade, futuro e angústia andam juntos.
Além da angústia, outra característica humana é o desespero do indivíduo que não se aceita em toda sua possibilidade e profundidade. O desespero é a doença mortal, é viver a morte do eu quando o indivíduo não aceita estar nas mãos de Deus. Negando Deus o homem se reduz a nada.
Para Kierkegaard, diante da ciência é Deus que tem a preferência, toda ciência do mundo não tem grande importância. A verdadeira existência é vivida na fé, a ciência é uma existência sem autenticidade.
Obras de Søren Kierkegaard
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Ou Isso ou Aquilo, um Fragmento de Vida (1843)
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Temor e Temor (1843)
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Repetição (1843)
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Migalhas Filosóficas (1844)
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O Conceito de Angústia (1844)
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Os Estádios no Caminho da Vida (1845)
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O Desespero Humano (1849)
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Prática do Cristianismo (1850)
Todas suas obras foram publicadas com pseudônimos como: Victor Eremita, Johannes de Silentio, Climacus, entre outros, possivelmente para se proteger de sua briga com o bispo da Igreja Luterana.
Frases
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A inveja é uma admiração escondida.
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Sem pecado, nada de sexualidade, e sem sexualidade, nada de História.
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A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas ela só pode ser vivida olhando-se para frente.
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Nada é superior em sedução e maldição do que um segredo.
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Não se esqueça da obrigação de amar a si mesmo.
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Os homens perseguem o prazer com tanta impetuosidade que passam por ele sem vê-lo.
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Ficar em pé e provar a existência de Deus é diferente de ficar de joelhos e agradecê-Lo.
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A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquela que ora.
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Acima de tudo não perca seu desejo de prosseguir.
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Nossa vida sempre expressa o resultado de nossos pensamentos dominantes.
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A personalidade de um homem só está madura quando ele encontra sua própria verdade.
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Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo. E aventurar-se no sentido mais elevado é precisamente tomar consciência de si próprio.

ALLAN KARDEC (1804 – 1869)
Foi um importante propagador da doutrina espírita. Foi educador, escritor e tradutor francês, e por que não dizer, um filósofo.
Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nasceu em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804. Filho do juiz Jean-Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Buhamel, descendentes de antigas famílias católicas de Lyon, foi criado no protestantismo. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e desde jovem mostrou inclinação para o estudo das ciências e da filosofia. Foi levado para a o famoso Instituto de Educação Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, onde estudou até formar-se pedagogo, em 1824.
Allan Kardec educador
Após retornar para Lyon e dominando vários idiomas, entre eles, alemão, inglês, holandês, italiano e espanhol. Allan Kardec traduziu para o alemão, diversas obras didáticas de educação. Em 1828, junto com sua esposa Amélie Gabrielle Boudet, fundou um grande estabelecimento de ensino e dedicou-se a ministrar aulas. Em 1830, alugou uma casa na Rua de Sèvres, onde oferecia palestras e cursos gratuitos de Química, Física, Anatomia Comparada, Astronomia etc.
Allan Kardec tornou-se membro de várias sociedades eruditas, entre elas, a Academia Real de Arras, que em 1831 lhe concedeu o Prêmio de Honra por um ensaio intitulado: Qual é o Sistema de Estudo Mais em Harmonia com as Necessidades da Época? Publicou diversas obras educativas.
O Espiritismo
Durante vários anos, Allan Kardec foi secretário da Sociedade de Frenologia de Paris e participou ativamente dos trabalhos da Society of Magnetism, dedicando-se à investigação do sonambulismo, do transe, da clarividência e de vários outros fenômenos.
A partir de 1855, Allan Kardec iniciou suas experiências com o mundo da espiritualidade, numa época em que a Europa despertava a atenção para os fenômenos conhecidos como “espíritas”. Abriu mão de sua identidade, das atividades profissionais para tornar-se Allan Kardec, nome que teria origem em encarnações anteriores.
Em 1856, sob o pseudônimo de Allan Kardec publica O Livro dos Espíritos, onde expunha uma nova teoria da vida e do destino humano. O livro obteve rápido sucesso de vendas.
Em 1857, lançou uma edição revisada do Livro dos Espíritos, que se tornou o livro reconhecido da filosofia espírita da França. Entre os anos de 1855 e 1869, Allan Kardec dedicou-se a estabelecer as bases da Codificação da Doutrina Espírita, no aspecto filosófico, científico e religioso. Fundou e dirigiu a Revista Espírita, dedicada à defesa dos pontos de vista expostos no Livro dos Espíritos.
Fundou em Paris, a 1º de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, da qual foi presidente até a sua morte, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da nova ciência. Posteriormente, associações semelhantes foram criadas em todo o mundo.
Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de ideias preconcebidas ou sistemáticas. Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas observações deduziu as leis que os regem. Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais fatos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.
Demonstrando que os fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza, destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.
Durante os primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, estes constituíram antes objeto de curiosidade, do que de meditações sérias. O Livro dos Espíritos fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso. Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.
Data do aparecimento de O Livro dos Espíritos a fundação de Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção de homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.
Evitando as fórmulas abstratas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por João Reynaud, Carlos Fourier, Eugênio Sue e outros. Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstrara a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre.
As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos povos e da Humanidade, pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido; as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores. Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria.
Em vez da fé cega, que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não há fé inabalável, senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. A fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se tem de crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é para este século. É precisamente ao dogma da fé cega que se deve o ser hoje tão grande o número de incrédulos, porque ela quer impor-se e exige a abolição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio.
Allan Kardec faleceu em Paris, França, no dia 31 de março de 1869, vítima de um aneurisma, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações. Seus restos mortais foram enterrados no Cemitério do Père-Lachaise, Paris.
Obras de Allan Kardec
Educativas
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Plano Proposto para Melhorias da Instrução Pública, 1828
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Curso Prático e Teórico de Aritmética, 1824
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Gramática Francesa Clássica, 1831
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Catecismo Gramatical da Língua Francesa, 1848
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Ditados Especiais Sobre as Dificuldades Ortográficas, 1849
Espíritas
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O Livro dos Espíritos, Parte Filosófica, 1857
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Revista Espírita, 1858
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O Livro dos Médiuns, Parte Experimental e Científica, 1861
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O Evangelho Segundo o Espiritismo, Parte Moral, 1864
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O Céu e o Inferno, A justiça de Deus Segundo o Espiritismo, 1865
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A Gênese, os Milagres e as Predições, 1868
Citações
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"A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação."
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"Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas."
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"(…) o Espiritismo, restituindo ao Espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, apaga naturalmente todas as distinções estabelecidas entre os homens segundo as vantagens corpóreas e mundanas, sobre as quais o orgulho fundou castas e os estúpidos preconceitos de cor. O Espiritismo, alargando o círculo da família pela pluralidade das existências, estabelece entre os homens uma fraternidade mais racional do que aquela que não tem por base senão os frágeis laços da matéria, porque esses laços são perecíveis, ao passo que os do Espírito são eternos. Esses laços, uma vez bem compreendidos, influirão pela força das coisas, sobre as relações sociais, e mais tarde sobre a Legislação social, que tomará por base as leis imutáveis do amor e da caridade; então ver-se-á desaparecerem essas anomalias que chocam os homens de bom senso, como as leis da Idade Média chocam os homens de hoje…"

NIETZSCHE (1844 – 1900)
Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 na cidade de Röcken na Alemanha. Seu pai foi uma pessoa erudita e seus avós eram pastores protestantes. Cresceu em Saale, com sua mãe, duas tias e da avó. Em 1858, Nietzsche obteve uma bolsa de estudos para célebre escola de Pforta. Em seguida partiu para Bonn, onde se consagrou nos estudos de teologia e filosofia.
No ano de 1871, divulgou "O Nascimento da Tragédia". Posteriormente, em 1879, iniciou sua ampla crítica dos valores, escrevendo "Humano, Demasiado Humano". Em 1881 teve a percepção de "O Eterno Retorno", onde o mundo passa indefinidamente pela alternância da criação e da destruição, da alegria e do sofrimento, do bem e do mal. Nos anos de 1882-1883 escreve, na baía de Rapallo, "Assim falou Zaratustra".
No outono de 1883 retorna para a Alemanha e reside em Naumburg, com sua mãe e sua irmã. Em 1882, produziu "A Gaia Ciência"; posteriormente as obras "Para Além de Bem e Mal" (1886), "O Caso Wagner" (1888), "Crepúsculo dos Ídolos" (1888), "Nietzsche contra Wagner" (1888), "Ecce Homo" (1888), "Ditirambos Dionisíacos" (1895).
Faleceu na cidade de Weimar, Alemanha, dia 25 de agosto de 1900.
Principais Pensamentos
Nietzsche situou um marco constitutivo entre os atributos "Apolíneos" e o "Dionisíacos", donde Apolo figura como ícone de lucidez, harmonia e ordem, enquanto Dionísio representaria embriaguez, exuberância e desordem.
Ademais, baseado no niilismo, subverteu a filosofia tradicional, tornando-a um discurso patológico que aprecia a doença enquanto um ponto de vista sobre a saúde e vice-versa. Enfim, nem a saúde, nem a doença são entidades e as oposições entre bem e mal, verdadeiro e falso, doença e saúde, são somente alternativas superficiais.
Anticristo
Este conceito advém da crítica à ética cristã enquanto a moral de escravos; pois séculos de moral cristã, enfraqueceu as potências vivificantes da sociedade ocidental, notadamente das suas elites, na medida em que o moralismo doutrinou o homem a oprimir-se de todos os seus impulsos.
Além disso, Nietzsche imagina o mundo terrestre como um vale de sofrimento, em oposição ao mundo da felicidade eterna do além vida. De outro modo, a arte trágica é pensada como contraposta à decadência e arraigada na antinomia entre a "vontade de potência" (futuro) e o "eterno retorno" (futuro numa repetição), o que não denota uma volta do mesmo nem uma volta ao mesmo, dado que é fundamentalmente seletivo.
Nietzsche e a História
Rompeu com a analogia entre a Filosofia e a História, que havia sido formada pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831), onde esta, seria compreendida enquanto uma crônica da racionalidade, a qual considera hostil e perigoso à vida o excesso de história, pois limita a ação humana.
Instinto e Razão
Opunha-se à ideia em que os eventos históricos instruíam os homens a não os repetir, conforme a teoria do eterno retorno, que compreende o assentimento diante de “destruições do mundo” cíclicas.
Super-homem
Nietzsche foi um antidemocrático e um antitotalitário. O "super-homem nietzschiano" não é um ser cuja vontade "deseje dominar", posto que se interprete vontade de potência como anseio de dominar, onde se faz dela algo, dependendo dos valores instituídos.
Por outro lado, vontade de potência, significa "criar", "dar" e "avaliar". Seria então alguém além do bem e do mal, depreendido de uma cultura decadente para a gênese de uma nova elite, não corrompida pelo cristianismo e pelo liberalismo.
Em outras palavras, intelectuais responsáveis pela transmutação de todos os valores e proteção de uma cultura ameaçada pela banalidade democrática, forma histórica de decadência do Estado conhecido por pensar em si, ao invés de ponderar sobre a cultura e sempre estar zeloso na formação de cidadãos dóceis. Daí sua tendência a impedir o desenvolvimento da cultura livre, tornando-a estática e estereotipada.
Curiosidades
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Nietzsche teve um colapso mental em 1889.
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Em 1867, Nietzsche foi convocado para servir ao exército, porém sofreu um acidente e consequentemente, foi dispensado. Novamente, em 1870, Nietzsche irá servir ao exército como enfermeiro.
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Nietzsche recolocou abertamente o confronto posto pelos românticos quando contrapunham os instintos à razão.
Frases
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O que não me faz morrer me torna mais forte.
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Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer como.
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Não existem fatos, apenas interpretações.
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Aquele que luta com demônios deve acautelar-se para não tornar-se um também. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você.
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Viver é sofrer e sobreviver é encontrar um significado no sofrimento.
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É preciso ter ainda um caos dentro de si para gerar uma estrela bailarina.
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E, se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.
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Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram maior proveito dos equívocos.
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Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti.
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A vida sem a música é simplesmente um erro.
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A solidão em nada me assusta. O que me assusta é a aglomeração humana tentando preencher seus corações vazios, sem vida, com falsas companhias.

MARTIN HEIDEGGER (1889-1976)
Foi um filósofo e professor alemão. As reflexões de Heidegger ajudaram a fundar o existencialismo e mudar a perspectiva filosófica.
Martin Heidegger nasceu na pequena cidade de Messkirch em 26 de setembro de 1889. A princípio sentiu vocação para ser padre e ingressou num seminário jesuíta. Estudou teologia e filosofia na Universidade de Friburgo. No entanto, ao ler os escritos de Calvino e Lutero, desiste da vida religiosa e se casa em 1917. Trabalha como assistente do professor Edmund Husserl na Universidade de Marburg. Posteriormente, o sucederia na disciplina de Filosofia, na Universidade de Friburgo. Nesta época, escreve seu principal trabalho “Ser e Tempo” onde expõe suas ideias acerca da existência do ser. Esta obra seria fundamental para as bases da filosofia existencialista.
Com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, Heidegger se filia ao Partido Nazista e esta é sua ação mais contravertida. Nomeado reitor da Universidade de Friburgo, não permite, contudo, propaganda antissemita na faculdade. Por atitudes como estas, suas obras são censuradas até 1944 e ao final da guerra, repudiaria o nazismo.
Martin Heidegger faleceu em 26 de maio de 1976, em Brisgóvia, Alemanha.
Filosofia
Heidegger considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção – a “circunvisão” – para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa a interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí, mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.
O método vai diretamente ao fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação. Heidegger afirma que esta metodologia corresponde a um modelo kantiano, ou copernicano da colocação ou projeção da perspectiva. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein para o ser. Esta inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional.
Além da sua relação com a fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para o existencialismo e desconstrucionismo.
Principais Ideias
Para Heidegger, a principal pergunta da filosofia deve ser sobre o Ser. No passado, os filósofos não indagavam sobre o ser e sim sobre o ente, uma coisa. Ou então, buscavam entender o ser humano a partir de relação com os objetos e com o meio que ele estava.
Heidegger questiona sobre o homem, o único capaz de fazer-se essa pergunta. Assim quem é o homem? Quem é o ser?
Dasein
Para o estudioso alemão o homem é um “Dasein”. O verbo, de origem alemã significa “sein” – ser e “da” – aí. Desta forma, o homem é um “ser aí” que é neste mundo. Esta é a grande diferença com os “Entes”, pois o ente “está” no mundo. Poder ser é a possibilidade de cada “dasein” de ser capaz de escolher em cada momento o que deseja ser, empregar seus esforços neste mundo.
Por outro lado, os animais não podem escolher. Exemplo: um gato. Sempre vai estar em busca de comida e abrigo até o final dos seus dias. Já o "dasein" pode escolher, mas deve fazê-lo no mundo em que foram jogados. Note-se que o “dasein” não escolheu estar neste mundo e nem neste tempo. Por isso, o "dasein" deve transformar sua existência em projeto que só terminará com a morte.
Existência Autêntica
Ao entender esta proposição, o "dasein" poderá exercer uma existência autêntica. Por outro lado, aqueles que não compreendem ou não aceitam o fim da vida, viverão uma existência autêntica e são chamados por Heidegger de “Dasman”.
A existência inautêntica é aquela que renuncia à possibilidade de escolha, de pensamento, de ação e deixa que outro decida por si. Este se transforma na massa, perdendo a si mesmo na multidão.
Angústia
Como vamos encarar a vida, pois somos feitos para a morte? Segundo Heidegger, os entes não morrem, apenas cessam sua existência porque nunca tiveram escolha. Já os seres têm plena consciência da sua morte e por isso, suas possibilidades infinitas, se veem limitadas. Isto gera uma angústia no ser humano e será este sentimento que determinará sua atitude frente à vida.
Heidegger propõe que aceitar nossa condição de seres finitos é primordial para levar uma existência autêntica.
Obras
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O Conceito de Tempo na Ciência da História (1916);
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Ser e Tempo (1927);
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Que é Metafísica? (1929);
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Da Essência do Fundamento (1929);
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A Carta sobre o Humanismo (1949);
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Introdução à Metafísica (1953);
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Da Experiência de Pensar (1954);
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O Que é Isto, a Filosofia? (1956);
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Da Pergunta sobre o Ser (1956);
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A Caminho da Linguagem (1959);
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Língua e Pátria (1960);
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Nietzsche (1961).
Frases
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Nunca chegamos aos pensamentos. São eles que vêm.
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A angústia é a disposição fundamental que nos coloca perante o nada.
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Só há mundo onde há linguagem.
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Morrer não é um acontecimento; é um fenômeno a ser compreendido existencialmente.
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Todo homem nasce como muitos homens e morre de forma única.
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Precisamos pensar no fato de que ainda não começamos a pensar.

MIKHAËL AÏVANHOV (1900 – 1986)
Mikhaël Ivanoff mais tarde conhecido por Omraam Mikhaël Aïvanhov, filósofo e pedagogo de origem búlgara, nasceu em Bitola (atualmente na Macedônia do Norte) em 31 de janeiro de 1900 e morreu em Fréjus (França). Foi um Mestre Espiritual que viveu primeiro na Bulgária e em 1937 mudou-se para a França, onde desenvolveu seu trabalho e realizou inúmeras conferências.
Foi discípulo do Mestre Peter Deunov, fundador do novo movimento religioso cristão conhecido pela Fraternidade Branca Universal e que ele passou a dirigir no país de residência.
A sua obra, na multiplicidade de pontos de vista dos quais trata, apresenta uma única questão em qualquer que seja o tema abordado. Ele invariavelmente aborda o Homem e o seu aperfeiçoamento. Qualquer que seja o tema abordado, é sempre tratado em função do uso que o ser humano pode fazer dele para obter uma melhor compreensão de si mesmo e conduzir sua vida da melhor forma.
Ideia Central
A filosofia de Aïvanhov ensina que todos, independentemente de raça, religião, posição social, capacidade intelectual ou meios materiais, são capazes de participar da realização de um novo período de fraternidade e paz na terra. Isso acontece por meio da transformação pessoal do indivíduo: crescimento na perfeição e em harmonia com o mundo divino. Qualquer que seja o assunto, ele invariavelmente se concentra em como alguém pode conduzir melhor a vida na Terra. Aïvanhov ensinou que para alcançar uma vida melhor é preciso ter um ideal elevado: "... se você tem um ideal elevado, como trazer o Reino de Deus à terra, você obtém tudo o que desejou, experimenta a plenitude".
Ciência Iniciática
Aïvanhov ensina os antigos princípios da Ciência Iniciática. Ele descreve as leis cósmicas que governam o universo e o ser humano, o macrocosmo e o microcosmo, e as trocas que ocorrem constantemente entre eles.
Esse conhecimento assumiu diferentes formas ao longo dos séculos. É a sabedoria perene expressa por meio de várias religiões, cada uma adaptada ao espírito de uma época, povo e nível de evolução espiritual específicos. O ensino de Aïvanhov incorpora aspetos do Cristianismo Esotérico que se relacionam com a descoberta do "Reino de Deus na terra" dentro do indivíduo. Uma das verdades essenciais da ciência iniciática, de acordo com Aïvanhov, é que (no mundo superior) todas as coisas estão ligadas. Assim, comprometer-se com o Reino de Deus na terra torna-o realizável: «A verdadeira ciência consiste em formar em nós, no fundo do nosso ser, este Corpo que os Iniciados chamam de Corpo de Glória, Corpo de Luz, Corpo de Cristo".
Frases de Omraam Mikhaël Aïvanhov
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Toda a gente vos dirá que as qualidades são preferíveis aos defeitos e as virtudes preferíveis aos vícios. Mas a verdade é que as qualidades e as virtudes não têm, em si, valor absoluto.
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É justo que os maus sejam punidos, mas deveis ter amor por eles.
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Não se fala muito da importância de nos sentirmos contentes, satisfeitos, e poucas pessoas avaliam quão nocivo é o hábito de estarem sempre descontentes com tudo e com todos, e de perturbarem a harmonia por toda a parte. E o que é ainda mais grave é que na nossa época há a tendência para se considerar o contentamento como um sinal de ingenuidade, de tolice, e o descontentamento pelo contrário, como um sinal de inteligência.
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Qual é a origem do sofrimento dos humanos? Na maior parte dos casos, o facto de, nesta vida ou numa outra, eles terem transgredido uma lei. A lei vem agir sobre quem a transgrediu.
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A verdadeira liberdade consiste em tornar-se um instrumento nas mãos das entidades celestes.
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O silêncio pode dar medo para alguns, pois eles o sentem como imobilidade, como estagnação, como deserto, como vazio. Na verdade, existe silêncio e silêncio. Em linhas gerais, pode-se dizer que existem dois tipos de silêncio: o da morte e o da vida superior. É preciso amar e cultivar em si mesmo o silêncio da vida superior. Este silêncio não é inércia, mas um trabalho intenso que se realiza numa harmonia perfeita. Não é também um vazio, uma ausência, mas uma plenitude comparável a que sentem os seres unidos por um grande amor: eles vivem algo tão profundo, que não podem exprimi-lo através de gestos ou de palavras. Sim, o verdadeiro silêncio é a expressão de uma presença: a presença divina.
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Pensar, realmente, é saber, primeiro que tudo, em que pensar e como pensar.
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Você não deve pensar que a felicidade virá necessariamente da forma que você espera. Existem tantas possibilidades disponíveis para você, mas você não as vê e não quer vê-las. Você se apega à noção de felicidade que você mesmo criou. Você espera que uma determinada porta se abra, mas ela permanece fechada. Então, por que ficar chorando nesta porta, quando pode haver outras pessoas por perto que se abrirão para você?
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Superficialmente, pode parecer que as guerras são causadas por questões econômicas e políticas, mas na verdade elas são causadas por nosso massacre de animais em massa. As leis da justiça são inexoráveis e os seres humanos terão que pagar com seu próprio sangue.
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Suponha que você esteja esperando coisas boas de alguém, e essa pessoa não apenas deixa de dá-las a você, mas é muito desagradável. Bem, em vez de ficar remoendo essa decepção, olhe ao seu redor com um pouco mais de atenção: certamente há outros que estão prontos para ajudá-lo. Se você gasta todo o seu tempo enviando pensamentos desagradáveis para aqueles que o aborreceram ou desapontaram, você não verá todos os outros amigos que aparecem em seu caminho.
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Matamos animais, mas a natureza é um todo orgânico, e matando animais estamos, por assim dizer, afetando certas glândulas desse organismo. Quando isso acontece, o equilíbrio do organismo é interrompido, e não é de se estranhar que logo estourou uma guerra entre os homens. Sim, os seres humanos abateram milhões de animais para comer, sem perceber que no plano invisível esses animais estão ligados a outros seres humanos, e são eles que agora terão que compartilhar o destino dos animais. Quando abatemos animais, estamos abatendo seres humanos. Todos concordam que é hora de estabelecer o reino da paz no mundo, que não deve haver mais guerras. Sim, mas a guerra continuará enquanto continuarmos a matar animais, porque ao destruí-los estamos destruindo a nós mesmos.
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Os seres humanos ainda têm um conceito muito limitado de amor. Eles se apaixonam por um homem ou uma mulher; eles amam seus pais, seus filhos e seus amigos íntimos. Mas isso ainda não é amor. Para manifestar amor, você deve aprender a projetar os raios de seu coração e alma para o mundo inteiro, como o sol faz.
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Seu objetivo principal é ajudar o homem a redescobrir sua dimensão espiritual (que ele chama de natureza superior ou divina), a se aperfeiçoar, a se fortalecer e a alcançar a plenitude no meio do mundo onde se encontra.
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Mas o trabalho interior se enquadra numa perspectiva mais ampla e universal: permite-nos adquirir a consciência de que somos cidadãos do cosmos, membros da grande família humana, da fraternidade universal, filhos e filhas do mesmo criador.

JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
Foi filósofo e escritor francês, um dos maiores representantes do pensamento existencialista na França. "O Ser e o Nada" foi o seu principal trabalho filosófico onde formulou seus pressupostos existencialistas.
Jean-Paul Sartre (1905-1980) nasceu em Paris, França, no dia 21 de junho de 1905. Filho de Jean Baptiste Marie Eymard Sartre, oficial da Marinha Francesa e de Anne-Marie Sartre, ficou órfão de pai com dois anos de idade. Em 1907, muda-se com sua mãe para Meudon, para a casa de seus avós maternos. Em 1911, muda-se com a família para Paris e ingressa no Liceu Henri IV.
Em 1916, com o casamento de sua mãe, considerado por Sartre como traição, foi obrigado a mudar-se para La Rochelle, onde estudou no Liceu La Rochelle. Em 1920 regressa a Paris. Em 1924 ingressa na Escola Normal Superior de Paris. Onde conhece sua futura companheira a escritora Simone de Beauvoir. Em 1929, conclui a graduação.
Em 1931, Sartre é nomeado professor de filosofia em Havre. Nessa época, escreveu o romance, "A Lenda da Verdade", que não foi aceito pelos editores. Em 1933, interrompe sua carreira após receber uma bolsa de estudos que lhe permitiu estudar na Alemanha no Instituto Francês de Berlim, quando entrou em contato com a filosofia de Husserl e de Heidegger.
Em 1938, Sartre publicou “A Náusea”, romance que pretendia divulgar os princípios do existencialismo e que lhe proporcionou certa notoriedade, ao mesmo tempo em que se afirmava como um símbolo do movimento filosófico. Escrita em forma de diário, a obra descreve a repulsa sentida pelo protagonista ao tomar consciência do próprio corpo. Em 1940, é convocado pelo Exército francês para servir na Segunda Guerra Mundial. Feito prisioneiro dos alemães, é solto em 1941 quando retorna para a França.
O Existencialismo de Sartre
Jean-Paul Sartre foi o expoente máximo do "existencialismo" – corrente filosófica que prega a liberdade individual do ser humano. O existencialismo nasceu com o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1831-1855) que combatia a filosofia especulativa.
Em 1943, Sartre publicou “O Ser e o Nada” (1943), seu trabalho filosófico mais conhecido, onde formulou seus pressupostos filosóficos que determinou o pensamento e a posição essencial da geração de intelectuais do pós-guerra. Sartre vinculou a filosofia existencial ao marxismo e à psicanálise.
Para Sartre, “estamos condenados a ser livres” - essa é a sua sentença para a humanidade, uma vez que a “existência precede a essência”, ou seja, não nascemos com uma função pré-definida. Para ele, a consciência coloca o homem diante da possibilidade de escolher o que ele será, pois essa é a condição da liberdade humana. Escolhendo a sua ação, o homem escolhe a si mesmo, mas não escolhe a sua existência.
Para Sartre, a má-fé do homem seria mentir para si mesmo, tentando se convencer de que não é livre. O problema surge quando seus projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos outros. Eles, os outros tiram parte da sua autonomia, por isso, as escolhas devem ser pensadas, uma vez que vão definir a existência de cada um. Ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos – daí a origem da célebre frase de Sartre: “O inferno são os outros”.
Atividades Políticas de Sartre
Comprometido durante toda a vida com a política, em 1945, Sartre abandonou o ensino para se dedicar a escrever. Em colaboração com Reymond Aron, Maurice Merleau-Ponty e Simone De Beauvoir, fundou o periódico político-literário “Les Temps Modernes”, uma das revistas de pensamento de esquerda, mais influentes do pós-guerra.
Em 1952, Jean-Paul Sartre filiou-se ao Partido Comunista. Em 1956, em protesto pela entrada de tanques soviéticos em Budapeste, Sartre abandona o Partido Comunista. Nesse mesmo ano, escreve um longo artigo em seu periódico, intitulado “O Fantasma de Stalin”, que condenou tanto a intervenção soviética quanto a submissão do Partido Comunista Francês aos ditames de Moscou.
Últimos Anos de Sartre
Em 1960, Sartre escreveu sua última obra filosófica “Crítica da Razão Dialética”. Em 1964, renunciou o Prêmio Nobel de Literatura por repudiar a atenção pública a sua pessoa. Em maio de 1968 apoiou a rebelião estudantil que ajudou a derrubar o governo conservador francês. Em 1972, assumiu a direção do jornal esquerdista “Libértation”.
Além de tratados filosóficos, Sartre escreveu vários romances de sucesso, como "O Muro" (1939), dramas como "As Moscas" (1949), ensaios sobre arte e política, como "Situações", obra em dez volumes, redigida entre 1947 e 1976, além de peças como "Entre Quatro Paredes" (1944) e "O Diabo e o Bom Deus" (1951).
Jean-Paul Charles Aymard Sartre, que ficou cego em seus últimos anos de vida, morreu em Paris, França, no dia 15 de abril de 1980. Seus restos mortais foram sepultados no Cemitério de Montparnasse, onde posteriormente foi sepultada sua companheira Simone de Beauvoir.
Frases de Jean-Paul Sartre
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Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.
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O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós.
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Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.
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Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem.
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Não há necessidade de grelhas, o inferno são os outros.
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Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos.
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A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.
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Ser-se livre não é fazermos aquilo que queremos, mas querer-se aquilo que se pode.
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Não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos.
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O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio.
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O que é o materialismo, senão o estado do homem que se afastou de Deus; (...) ele passa unicamente a preocupar-se com os seus interesses terrestres.
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És livre, escolha, ou seja: inventa.
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O desejo exprime-se por uma carícia, tal como o pensamento pela linguagem.

ZIGMUNT BAUMAN (1925 – 2017)
Foi um sociólogo e filósofo polonês, professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia. Nascido em Pozman, Polônia, em 19 de novembro de 1925, numa família de judeus poloneses não praticantes, ele e seus familiares transferiram-se para a União Soviética após a invasão e anexação da Polônia (1939) por forças alemãs e soviéticas (então aliadas nos termos do Tratado Germano-Soviético).
De acordo com Bauman, nos tempos atuais, as relações entre os indivíduos nas sociedades tendem a ser menos frequentes e menos duradouras. Uma de suas frases poderia ser traduzida, na língua portuguesa, por "as relações escorrem pelo vão dos dedos". Segundo o seu conceito de "relações líquidas", formulado, por exemplo, em Amor Líquido, as relações amorosas deixam de ter aspecto de união e passam a ser mero acúmulo de experiências, e a insegurança seria parte estrutural da constituição do sujeito pós-moderno, conforme escreve em Medo Líquido. Bauman é frequentemente descrito como um pessimista, na sua crítica à pós-modernidade. De fato, enquanto os cientistas, poetas e artistas da mainstream empenham-se na exaltação das virtudes do capitalismo, ele se insere na contracorrente, procurando expor a face desumana do capital.
Seus livros são povoados por idéias sobre as conexões sociais potenciais na sociedade contemporânea, nesta era comumente conhecida como pós-modernidade. Os estudos sociológicos lhe permitem refletir sobre a angústia que reina nos sentimentos humanos, emoção despertada pela pressa de encontrar o parceiro perfeito, sempre mantido como meta ideal, nunca como realidade concreta.
Assim, os casais procuram manter relacionamentos abertos, que lhes possibilitem uma porta de saída para novos encontros. A insatisfação está, portanto, constantemente presente na esfera da afetividade humana. As pessoas desejam interagir, buscam a vivência do afeto, mas não querem se comprometer. É o que Bauman chama de amor líquido, vivenciado em um universo marcado pelos laços fluidos, que não permanecem, não se estreitam, desobedecem à lei da gravidade, ou seja, à ausência de peso. O que provoca a famosa ‘insustentável leveza do ser’, preconizada pelo escritor tcheco Milan Kundera.
Bauman crê que os relacionamentos a dois não podem se desenrolar à parte da cena social, das regras do jogo estabelecidas pela sociedade global. Nada pode, segundo ele, fugir deste complexo panorama, do moderno fenômeno conhecido como globalização. Aliás, este autor é também famoso por suas agudas pesquisas sobre os vínculos entre os tempos modernos, o Holocausto e o frenético consumo da era pós-moderna.
Para o sociólogo, a fluidez dos vínculos, que marca a sociedade contemporânea, encontra-se inevitavelmente inserida nas próprias características da modernidade, discussão esta que está perfeitamente retratada nas primeiras obras do autor. É impossível fugir das consequências da globalização, com suas vertiginosas ondas de informação e de novas idéias. Tudo ocorre com intensa velocidade, o que também se reflete nas relações entre as pessoas.
Em 2011, durante entrevista concedida ao semanário polonês Polityka, Bauman criticou Israel e o sionismo, dizendo que Israel não estava interessado na paz, mas somente em "se aproveitar do Holocausto para legitimar atos inadmissíveis". Comparou o Muro da Cisjordânia aos muros do Ghetto de Varsóvia, onde centenas de milhares de judeus morreram. O embaixador israelense em Varsóvia, Zvi Bar, qualificou os comentários de Bauman como "meias verdades" e "generalizações infundadas”.
Bauman tem mais de trinta obras publicadas no Brasil, dentre as quais “Amor Líquido”, “Globalização: as Conseqüências Humanas” e “Vidas Desperdiçadas”. Tornou-se conhecido por suas análises do consumismo pós-moderno e das ligações entre modernidade e holocausto.
Zigmunt Bauman faleceu em 9 de janeiro de 2017, aos 91 anos.
Frases de Zigmunt Bauman
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A modernidade imediata é “líquida” e “veloz”, mais dinâmica que a modernidade “sólida” que suplantou. A passagem de uma a outra acarretou profundas mudanças em todos os aspectos da vida humana. A modernidade líquida seria "um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível".
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Na sociedade contemporânea, emergem o individualismo, a fluidez e a efemeridade das relações.
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“Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”.
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A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral.
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A incerteza é o habitat natural da vida humana - ainda que a esperança de escapar da incerteza seja o motor de atividade de atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas da felicidade genuína, adequada e total sempre parece residir em algum lugar à frente: tal como o horizonte, que recua quando se tenta chegar mais perto dele.
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Como se pode lutar contra as adversidades do destino sozinho, sem a ajuda de amigos fiéis e dedicados, sem um companheiro de vida, pronto para compartilhar os altos e baixos?
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Os relacionamentos são como vitamina C: em altas doses, provocam náuseas e podem prejudicar a saúde.
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Loucos são apenas os significados não compartilhados. A loucura não é loucura quando compartilhada.
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Há dois valores essenciais que são absolutamente indispensáveis para uma vida satisfatória, recompensadora e relativamente feliz. Um é segurança e o outro é a liberdade. Você não consegue ser feliz, você não consegue ter uma vida digna na ausência de um deles, certo? Segurança sem liberdade é escravidão e liberdade sem segurança é um completo caos, incapacidade de fazer nada, planejar nada, nem mesmo sonhar com isso. Então você precisa dos dois.
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A incapacidade de escolher entre atração e repulsão, entre esperanças e temores, redunda na incapacidade de agir.
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Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.
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A vida é muito maior que a soma de seus momentos.
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Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem.
