CÍTARA * Espiritualismo & Yoga

COMUNIDADE INICIÁTICA DO TRATAMENTO DA ALMA, REGENERAÇÃO E ASSISTÊNCIA

FILOSOFIA ISLÂMICA
A filosofia Árabe faz parte dos “estudos islâmicos”. Esta filosofia teve o grande mérito de despertar a renovação filosófica da cultura medieval. O começo da filosofia Árabe foi quando Alexandre, o Grande, conquistou o reino da Pérsia em 331 a.C. Após sua vitória, a Grécia invadiu o território persa, introduzindo sua cultura. O território da Pérsia não se transformou em Grécia, continuando sendo Pérsia, mas agora sobre o domínio dos gregos. O pensamento árabe demonstra os sistemas filosóficos gregos, mesmo tendo uma influência forte do oriente. A maioria da obra preservada de Platão e Aristóteles se deve aos árabes. A tradição aristotélica passou ao mundo árabe, onde floresceu mesclada ao neoplatonismo, retornando posteriormente à Europa.
Assim como os cristãos, o começo da filosofia Árabe foi tentando conciliar as revelações com a filosofia; queriam sair da escuridão da fé crente islâmica para a luz da razão (fé raciocinada). A palavra “islã” significa “submissão” incondicional à vontade de Allah (Deus). Seus seguidores, os muçulmanos, acreditam que sua fé foi revelada por Allah ao profeta Maomé (Muhammad), cujas palavras foram reunidas no livro sagrado do islamismo, o Alcorão, que, em árabe significa declamar ou recitar.
Até o séc. IX as discussões da filosofia Árabe se limitavam a análise de questões morais e éticas. Hassan al-Basri, foi o primeiro grande pensador, integrante do grupo Companheiros do Profeta, principais responsáveis pelas discussões teológicas da época.
A “Falsafa”, como é conhecida a filosofia árabe ou islâmica, é a tradução pura da palavra grega “Philosophia”, mostrando que o conceito de filosofia para os árabes é o mesmo dos gregos. Do século VIII até o XV foi a época considerada clássica da Falsafa, quando surgiram os autores mais conhecidos e com as ideias mais originais da filosofia árabe. A falsafa islâmica, ou filosofia, foi em primeiro lugar “islâmica” e usou conceitos e metodologias gregos para dar suporte a uma visão de mundo tipicamente islâmica. O processo de formação da falsafa foi muito lento e começou com a tradução para o árabe através do siríaco dos trabalhos e livros gregos da antiguidade sobre astrologia, astronomia, lógica, metafísica, entre outros.
A maior parte da falsafa islâmica se expressou em árabe, mas não ela toda. Diversos livros filosóficos importantes foram escritos em persa. Assim havia uma filosofia árabe que não era islâmica. Pensadores cristãos e judeus especularam em árabe, mas não eram muçulmanos. Entretanto, falsafa era uma expressão elitista da civilização islâmica e em geral não era aceita pelos estudiosos da ciência islâmica e pessoas comuns. Não haviam outras filosofias árabes naquele período. Filosofia árabe, quando praticada por muçulmanos e também por pensadores cristãos ou judeus era a falsafa. Outras linhas de pensamento existiram no mundo árabe-islâmico, como a teologia dialética (kalam) ou o místico sufismo (tasawwuf) que algumas vezes tiveram implicações filosóficas.
Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis, procuram desenvolver uma relação íntima, direta e contínua com Deus, utilizando-se das práticas espirituais transmitidas pelo profeta Muhammad (Maomé), com destaque para o zikr (a lembrança de Deus), orações e jejuns. Também incorpora práticas, como cânticos, música e movimentos, cuja legalidade é objeto de divergência de opinião entre teólogos e jurisprudentes islâmicos, de diversos países islâmicos, na interpretação da sharia, a lei divina.
Averróis e Avicenna foram os autores islâmicos mais conhecidos no ocidente. Averróis ou Ibn Rushd, nascido no século XII, comentou praticamente toda a obra de Aristóteles, faltando somente a Política, que na época ainda não havia sido traduzida para o árabe. Outros autores de destaque são: Al-Kindi, Al-Fārābῑ, Jalal Ad-Din Muhammad Rumi, Al-Ghazālῑ e Ibn Khaldūn. O principal patrimônio intelectual árabe foi criado no período do séc. VIII ao séc. XIV período conhecido como “turath”, enquanto a Europa passava pela Idade Média.
A ascensão da civilização islâmica coincide fortemente com a disseminação da filosofia sufi no islamismo. A disseminação do sufismo foi considerada um fator definitivo na disseminação do Islã e na criação de culturas islâmicas integralmente, especialmente na África e na Ásia. Entre os grandes representantes da mística islâmica, incluem-se Rabia de Baçorá, santa sufi do VIII; o místico Almançor Alhalaje, martirizado em Bagdá no século X por ter dito, em estado de êxtase, "Eu sou a Verdade"; o grande sufi metafísico Ibn Arabi (século XIII), autor de diversas obras influentes, entre elas as "Revelações de Meca"; Al-Ghazālῑ, Rumi, Attar, os xeiques Shadhili, Darqawi, Al-Alawi, entre outros. Poetas e filósofos sufistas como Ibn Arabi, Khoja Akhmet Yassawi, Rumi e Attar de Nixapur aumentaram bastante a disseminação da cultura islâmica na Anatólia, Ásia Central e Sul da Ásia.
Os pensadores islâmicos eram árabes ou persas, mas em todo caso, a falsafa estava presente no Iraque, e no oeste árabe-islâmico, isto é, Espanha (Andalusia). Al-Kindī (árabe), Al-Fārābῑ (turco), Al-Ghazālῑ e Avicenna (persas), Averroes (árabe ocidental, espanhol ou andalus). Pensadores árabes cristãos, como Abu Bishr Matta, e judeus, como Maimonides e Moshe Narboni, podem ser considerados falasifa (filósofos). Eles escreveram em árabe e discutiram os mesmos problemas de seus colegas muçulmanos.
Abū ibn Isḥāq al-Kindī ou apenas Al Kindī, como é geralmente conhecido, é considerado o primeiro filósofo árabe, embora fosse também um grande estudioso de várias áreas (geometria, astronomia, música, medicina, química e outras). Seus diversos trabalhos foram responsáveis por introduzir a filosofia grega no mundo árabe. Pouco de seus textos ainda existem, mas sabemos que várias de suas obras abordavam questões teológicas, tais como a natureza de Deus, a alma e a sabedoria profética.
Avicenna, célebre filósofo e médico persa da Idade Média, elaborou um vasto sistema filosófico, continuando a tradição aristotélico-platônico. Procurou conciliar as doutrinas de Aristóteles e Platão. Utilizou-se das ideias de Aristóteles para provar a existência de Deus, alegando que, Nele, existência e essência são iguais. Deus é igual à sua Essência e fonte do ser de outras coisas. Avicenna foi decisivo para a divulgação do pensamento aristotélico nos séculos XII e XIII, tendo influenciado filósofos posteriores, como Duns Scotus, Albertus Magnus, Tomás de Aquino, que nutriam grande admiração por ele.
Averróis ou Averroes, filósofo, médico e polímata mulçumano na Andaluzia, foi um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles, o que muito contribuiu para a recepção do pensamento aristotélico. A ideia da existência do mundo independente de Deus (ambos são coeternos) e de que não existe providência divina são influências de Aristóteles. A influência platônica aparece em sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal.
A influência da falsafa no mundo ocidental foi larga e profunda. As doutrinas do intelecto celeste e humano, neoplatônico em essência, mas mediado pela falsafa islâmica, foram as bases de várias imagens cosmológicas cristãs e ocidentais do universo, como a de Dante Alighieri. Também a ciência islâmica se difundiu. A matemática e a física (como a ótica) influenciaram a ciência ocidental da Idade Média. O mesmo ocorreu com a alquimia e a medicina. De forma geral, a contribuição do pensamento islâmico foi essencial na construção da filosofia e da ciência ocidental.
Há uma filosofia islâmica contemporânea, mas que não é mais a falsafa. Falsafa é uma categoria específica da Idade Média. A falsafa foi um fenômeno da elite, mas obviamente cultura e ciência eram, em geral, manifestações elitistas na Idade Média, restritas a círculos intelectuais e cortes. Os problemas discutidos na filosofia islâmica da contemporaneidade são completamente diferentes dos problemas discutidos pela falsafa.


AVICENA (980 – 1037)
Avicena é uma luz na Idade Média. Mais do que um médico, foi um grande filósofo, buscador da verdade. Sua forte busca pelo saber não se limitava às dimensões de sua personalidade; suas obras enciclopédicas nos mostram essa vontade inquebrantável que habitava seu coração. Busca no neoplatonismo e em Aristóteles as bases para seus ensinamentos, mantendo viva a memória desses grandes filósofos. Foi exemplo de médico e de filósofo.
Abn Ali Al Hosain Ibn Abdallah Ibn Sina, também conhecido como Avicena, foi filósofo, médico, matemático, astrólogo, alquimista, poeta, músico, físico, político e místico. Segundo H.P.Blavatsky, Avicena era um “filósofo persa, nascido em 980, apelidado de “o famoso”, autor das primeiras obras de alquimia conhecidas na Europa; diz a lenda que tendo o conhecimento do Elixir da vida, ainda está vivo, como um adepto que se manifestará aos profanos no fim de certo ciclo”. Devido a sua ânsia de saber, também era chamado de Al-Shaij Al-Rais “o primeiro dos sábios”. Nasceu em Afshana, fronteira com Afeganistão. Ao nascer sua família mudou para Brujara.
Desde cedo mostrou suas aptidões intelectuais. Aos dez anos recitava o Alcorão de memória. Antes dos dezesseis, quando já estudava e praticava medicina; conhecia lógica, física, matemática e metafísica. Empenhou-se muito nos estudos da filosofia e das ciências com uma vontade inquebrantável para além do sono e da fadiga. Sua fama como médico era tão conhecida que, com apenas 18 anos, foi nomeado médico da corte do soberano samaní de Bujara. Permaneceu nesse cargo até a queda do império samaní em 999, e passou os últimos 14 anos de sua vida atuando como conselheiro científico e médico do governante de Ispahán.
Conta Yuzyani, seu fiel discípulo, que aos dezenove anos não se encontrava ninguém que pudesse se igualar a ele nas diversas disciplinas. Sua memória era surpreendente. Quando a monumental biblioteca de Brujara foi queimada, as pessoas se consolavam: “o santuário da sabedoria não pereceu; transferiu-se para o cérebro de Al-Shaij Al-Rais.”
Antes de completar 21 anos, escreveu o seu Cânone de Medicina que por muitos anos permaneceu como a principal autoridade nas escolas médicas tanto da Europa quanto da Ásia. É um compêndio estruturado de todos os conhecimentos médicos existentes na época, que constava de 5 livros, a obra é uma síntese que recolhe todo o conhecimento dos grandes médicos greco-romanos: Hipócrates, Galeno, Dioscórides e Aristóteles. A essa base teórica somam-se os conhecimentos de caráter prático da antiga Pérsia e da Índia. Escreveu “O sentido e a Essência”, de quase vinte fascículos, e o livro “O Bem e o Mal”.
Em 1014 (ano 450 da emigração muçulmana) estabeleceu-se em Hamadán. Avicena era, naquela época, um médico famoso e foi chamado para atender o Emir de Hamadán, Shamsodawlah. Aqui começa sua etapa política: o Emir dá-lhe o título de primeiro ministro. Pela primeira vez, Avicena tem a oportunidade de transformar seu ideal filosófico em um ideal político e passará da teoria à prática. Como ocorreu com Platão e Confúcio, tenta aplicar seus conhecimentos ao serviço público em benefício da comunidade com um claro fim pedagógico.
Avicena transmite, tanto na medicina como na política, um único fim: “fazer que os homens sejam melhores e mais felizes, aplicando normas estabelecidas de justiça e direito”.
Evidentemente, seu trabalho lhe trouxe muitos inimigos. Como ele mesmo deixou escrito em uma de suas obras: “Se não houvesse deixado sinal algum no coração dos homens, não teriam se ocupado comigo. Não estariam nem a favor nem contra mim.”
Escreveu o Kitab al-Shifa (O Livro da Cura), conjunto de 18 livros que tratam das ciências fundamentais, da lógica, matemática, física e astronomia. A filosofia de Avicena era uma combinação da filosofia de Aristóteles, neoplatonismo e teologia islã. O título dessa obra explica sua intenção humanista e filosófica. Al-Shifa pretende curar a alma, para que os homens sejam moralmente fortes e nobres. Foi a primeira enciclopédia do saber na Europa. É a obra de recopilação e investigação mais ambiciosa que havia sido escrita até aquele momento.
Despertava antes da alvorada para redigir sua obra a um ritmo de quase cinquenta páginas diárias e recebia seus discípulos ao amanhecer para instruí-los antes de conduzi-los à oração. Por causa das muitas viagens, demorou dez anos para terminar sua obra, que consta de quatro partes: lógica, física, matemática e metafísica. Nela estão expostas ideias de Platão, Aristóteles, Plotino, Zenón e Crisipo, entre outros, unificadas pelo estilo próprio do autor. A intenção de Avicena era expor o fruto das ciências dos antigos, dos filósofos clássicos. Não era um simples comentário de Aristóteles, e sim um compêndio da sabedoria que havia perdurado até então. Como definiu recentemente um dos comentaristas de sua obra, Al-Shifa “é o universo em um livro”.
O Cânone de Avicena tornou-se, ao fim de uma lenta evolução, que levou cerca de um século, a obra básica do ensino universitário medieval, e ainda era largamente usado no século XVI, apesar da ascensão do antiarabismo. Oferecia soluções a pontos de discordância entre dois mestres do pensamento da Idade Média, que foram Aristóteles e Galeno. Dava, principalmente, um conselho geral: deve-se seguir o filósofo em matéria de filosofia, o médico em matéria de medicina. Devido à vasta extensão dessa enciclopédica obra, escreveu posteriormente “Al-Nayat” (A Salvação), que é um resumo do “Shifa”.
Acusaram sua filosofia de falta de originalidade. Ele não pretendia fazer algo novo ou velho, mas sim resgatar o atemporal. Sua obra era uma síntese de mística e filosofia e foi atacada também por teólogos. Avicena abandona a corte e foge com seu discípulo para Ispahán. Nessa cidade escreveu mais livros. Em agosto de 1037, durante uma campanha bélica para Hamadán, Avicena morre. Conta-se que, sabendo-se gravemente doente, libertou seus serviçais e repartiu seus bens com os pobres.
Descobriu muitos medicamentos, identificou e tratou várias doenças tal como a meningite, mas a sua maior contribuição foi na filosofia da medicina. Criou um sistema de medicina no qual a prática médica podia ser realizada e os fatores físicos e psicológicos, medicamentos e dieta eram combinados. Seu tratado tornou-se a matéria médica mais autêntica de sua era.
A Medicina Islâmica combinava o uso de drogas para fins medicinais com considerações dietéticas – como podemos notar no Cânone de Avicena – e um modo de vida totalmente derivado dos ensinamentos do Islã, para criar uma síntese, que não se extinguiu até aos dias de hoje, apesar da introdução da medicina moderna em quase todo o Mundo Islâmico.
Alberto Magno e Tomás de Aquino nutriam grande admiração por Avicena. Sua influência no Oriente não foi duradoura devido à oposição também dos teólogos ortodoxos. No Ocidente, contudo, Avicena foi decisivo para a difusão do pensamento de Aristóteles nos séculos XII e XIII.
Profundo estudioso de Aristóteles, deu, não obstante, interpretações originais à teoria do conhecimento, observando-se em seus estudos forte influência neoplatônica, que talvez tenha motivado sua intenção de criar uma teosofia mística que sustentasse a fé islâmica. Seu pensamento preparou as descobertas do Renascimento.
O mundo Otomano era também uma arena de grande atividade médica derivada da herança de Avicena. Os turcos Otomanos eram principalmente conhecidos pela criação de grandes hospitais e centros médicos.
Fez diversas observações astronômicas e planejou um aparelho para aumentar a precisão de leituras instrumentais. Na física, realizou o estudo de formulários diferentes da energia, do calor, da luz e do mecânico, e conceitos como a força, o vácuo e a infinidade. Propunha uma interconexão entre o tempo e o movimento, com investigações também feitas na gravidade específica, usou um termômetro de ar. Seu tratado em minerais era uma das fontes principais da geologia dos enciclopedistas cristãos do décimo terceiro século. São atribuídos a ele 456 livros em árabe e 23 em persa. Também escreveu inúmeras poesias.
Na metafísica de Avicena, Deus é um ser necessário. Ele faz uma distinção clara entre a existência e a essência das coisas, argumentando que a forma e a matéria não podem interagir sozinhas e por conta própria gerar o movimento, que é o que ele chama de fluxo vital do universo, nem gerar a própria existência. A existência tem origem em uma causa que necessariamente coloca em relação a essência e a existência, somente dessa forma a causa das coisas que existem podem coexistir com os efeitos.
Ele resolveu o problema da essência e dos atributos do mundo através de uma análise ontológica da modalidade do ser que ele subdivide em três tipos: impossibilidade, contingência e necessidade. O ser impossível é aquele que não existe. O ser contingente é o que tem necessidade de uma causa externa a si para existir. Já o ser necessário, que é único, reflete a sua essência e tem a capacidade de gerar a primeira inteligência. Dessa primeira inteligência deriva uma segunda, e depois uma terceira, dando sequência a todas as inteligências. O ser necessário é a causa somente da primeira inteligência e as outras são resultados indiretos desta. Esse ser necessário é Deus que conhece todas as coisas particulares e universais graças à sua ciência e à sua sabedoria. Tanto Deus como o universo são eternos e não existe nem tempo nem espaço antes de Deus.
Essa definição modifica profundamente a compreensão sobre a criação do mundo. Ela não é mais o capricho de uma vontade divina, mas o resultado do pensamento divino que pensa ele mesmo. A criação torna-se uma necessidade e não mais uma vontade. O mundo se origina de Deus como excesso de sua inteligência.
Sobre as causas do mal no mundo, Avicena afirmou que ele é disseminado por acidente e que ele surge por causa da imperfeição da natureza. Além disso o filósofo acreditava que o bem deve deixar espaço também ao seu contrário.
O propósito da filosofia é de esclarecer e demonstrar através da razão as verdades reveladas por Deus. Aos filósofos cabe fazer considerações e elucidações sobre as partes obscuras e ocultas das doutrinas divinas reveladas.
Nos estudos de Avicena podemos encontrar também elementos da filosofia da ciência. Ele descreve um método de investigação científica e se pergunta como é possível alcançar hipóteses, afirmações que não necessitam de prova para que sejam consideradas verdadeiras ou deduções iniciais sem que elas sejam inferidas das premissas. Para ele a solução é a combinação do antigo método indutivo aristotélico com um método que utiliza a experimentação e a observação atenta do que se quer conhecer.
O homem, animal munido de razão, tem o poder de conhecer, através da alma racional, as formas inteligíveis. Essas formas inteligíveis constroem a alma racional de três formas: primeiro através de uma emanação, de um prolongamento da substância e natureza divina, através da qual o homem pode conhecer os primeiros princípios; segundo através do raciocínio e da demonstração é possível conhecer as coisas inteligíveis do mundo utilizando para isso a lógica; e terceiro através dos sentidos.
Como ocorre com outros personagens proeminentes da história, querer restringir Avicena apenas a uma faceta de filósofo seria injusto. Ele era médico, filósofo, matemático, astrólogo, alquimista, poeta, músico, físico, astrônomo, político e místico. Sua ânsia de saber não tinha limites. Por isso, a palavra que melhor o define é, tal como lhe chamavam seus contemporâneos, al-Shaij al-Rais, “o primeiro dos sábios”.
Frases de Avicena
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Um médico ignorante é um auxiliar da morte.
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O vinho é um amigo de quem é moderado e inimigo de quem é beberrão.
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A medicina deve conhecer as causas de doença e de saúde.
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A oração é inteiramente espiritual, é um encontro direto entre Deus e a alma, afastado de todas as limitações materiais.
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Tudo o que não existe e depois passa a existir, é criado por algo diferente de si mesmo.
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A qualidade da vida é mais importante que a sua duração.
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A medicina não é uma ciência difícil e complexa como a matemática e a metafísica.
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O conhecimento de qualquer coisa, dado que todas as coisas têm causas, não é adquirido ou conhecido por completo a menos que seja conhecido por suas causas.
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A alma é distinta do corpo.
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Deus, o ser supremo, não é circunscrito pelo espaço nem tocado pelo tempo; ele não pode ser encontrado em uma direção particular, e sua essência não pode mudar.
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O sentido metafórico da palavra luz é entendido no bem e na causa que a produz; quero dizer com isso que Deus (Exaltado seja!), é um bem em si mesmo e também é a causa de todo bem.
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A saúde é provida de um princípio muito superior ao médico, o princípio que dá exclusivamente à matéria sua forma essencial. Sua essência é mais perceptível que a matéria.
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A lâmpada representa a inteligência adquirida, uma vez que a luz é uma perfeição para o transparente, e deposita a inteligência adquirida na inteligência material, transformando-a em um reflexo de si mesma.
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O conhecimento de qualquer coisa, uma vez que todas as coisas têm causas, não é adquirido ou concluído, a menos que seja conhecido por suas causas.

OMAR KHAYYĀM (1048 – 1131)
Ghiyāth al-Dῑn Abū'l-Fatḥ Umar ibn Ibrāhῑm Al-Nῑshāpūrῑ al-Khayyāmῑ, melhor conhecido como Omar Khayyām, fio poeta, matemático, astrônomo e filósofo persa dos séculos XI e XII. Ele nasceu em Nishabur, no Nordeste do atual Irã, uma das principais metrópoles de Khorasan durante os tempos medievais que alcançou seu auge de prosperidade no século XI sob a dinastia Seljuq, e passou a maior parte de sua vida perto da corte dos governantes Karakhanid e Seljuq no período que testemunhou a Primeira Cruzada. Nishapur também era um importante centro da religião zoroastriana, e é provável que o pai de Khayyām fosse um zoroastriano que se converteu ao islamismo.
Sua infância foi passada em Nishapur. Seus dons foram reconhecidos por seus primeiros tutores que o enviaram para estudar sob o Imam Muwaffaq Nishaburi, o maior professor da região de Khorasan, que ensinava os filhos da mais alta nobreza. Khayyām também foi ensinado pelo matemático convertido zoroastriano, Abu Hassan Bahmanyar bin Marzban. Depois de estudar ciências, filosofia, matemática e astronomia em Nishapur, por volta do ano 1068, viajou para a província de Bukhara, onde freqüentou a renomada biblioteca da Arca. Em cerca de 1070, mudou-se para Samarkand, onde começou a compor seu famoso tratado de álgebra sob o patrocínio de Abu Tahir Abd al-Rahman ibn ʿAlaq, governador e juiz principal da cidade.
Omar Khayyam morreu aos 83 anos de idade em sua cidade natal de Nishapur em 4 de dezembro de 1131, e está enterrado no que hoje é o Mausoléu de Omar Khayyam.
Conhecido no ocidente como poeta e autor do Rubaiyat, (em português, “quadras" ou "quartetos”), que ficariam famosos a partir da tradução de Edward Fitzgerald, em 1839. São estrofes de duas linhas formadas por duas partes. Apesar de Khayyam ser conhecido principalmente como poeta pelas gerações posteriores, suas obras sobre álgebra, matemática e reforma do calendário foram de grande importância.
A filosofia de Omar Khayyām era bastante diferente dos dogmas islâmicos oficiais. Concordou com a existência de Deus, mas se opôs à noção de que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso, se apoiou na visão de que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.
De todos os campos da matemática, a álgebra foi melhor trabalhada pelos árabes. Em suas mãos chegou a ter um aspecto novo bem distante das origens grega, babilônica e hindu.
A obra mais importante de Omar Khayyām é precisamente um tratado sobre álgebra em que explica como resolver todas as equações de segundo e terceiro graus. Ele desaconselha, no prólogo de seu tratado, a leitura a quem não conheça os Elementos de Euclides bem como os primeiros livros das Cônicas de Apolônio. No mesmo texto, ele afirma que não se remeterá a nenhuma outra obra por julgar indispensável o estudo prévio das obras já citadas.
Omar Khayyām escreveu seu tratado de álgebra por volta de 1074. O vestígio mais antigo da existência dessa obra é um fragmento de uma cópia feita depois de sua morte, guardado na Biblioteca Nacional de Paris. Felizmente outras cópias foram conservadas e estão mais completas e também é de uma data mais recente.
Frases de Omar Khayyām
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Nessa encruzilhada do desejo e da necessidade, não deixes nada: não voltarás lá nunca mais.
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Move-se a mão que escreve, e tendo escrito, segue adiante; Nem toda a tua Piedade ou o teu Saber a atrairão de volta, para que risque sequer metade de uma linha; Nem todas as tuas Lágrimas lavarão uma só de tuas Palavras.
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Considera com indulgência os que bebem até a embriaguez. Lembra-te de que tens defeitos maiores.
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Subi a montanha para alcançar as estrelas, voltei invejando os cegos e surdos, que encontrava no caminho.
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Que a tua sabedoria não seja humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti mesmo e nunca te abandones à tua colera. Se esperas a paz definitiva, sorri ao destino que te fere; não firas a ninguém.
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Seja feliz neste momento. Este momento é a sua vida!
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Se os que amam o vinho e o amor vão para o inferno, o paraíso deve estar vazio.

AVERRÓIS (1126 - 1198)
Um dos maiores expoentes da filosofia hispano-árabe, Abu al-Walid Muhammad ibn Ahmad ibn Muhammad ibn Ruchd, conhecido pelo nome de Averróes, ou Averróis, aprendeu jurisprudência e teologia com o pai e estudou quase todas as ciências e a filosofia do seu tempo, tendo escrito obras sobre medicina, física, astronomia, jurisprudência muçulmana, filosofia e teologia. Ele era muito mais importante e influente no pensamento judaico e cristão do que no Islã.
A partir de 1169 (pouco se sabe sobre a sua vida antes desse período), Averróis foi agraciado pelos príncipes de uma dinastia muçulmana (almóada) existente no norte da África e na Espanha. Em 1169 foi nomeado juiz em Sevilha, em 1171 em Córdoba, mais tarde passou a conduzir um dos ritos muçulmanos observados na região e ainda foi diretor de física em 1182.
Banido em 1195, por causa de suas atitudes filosóficas, foi restaurado três anos depois, pouco antes de sua morte.
A originalidade de Averróis consistiu em fundir num só conceito uma física materialista e um racionalismo baseado no "espírito da humanidade", presente no indivíduo, mas ao mesmo tempo a ele transcendente.
Negando a imortalidade da alma, foi o precursor dos filósofos heréticos do islamismo e do cristianismo, e sua influência estendeu-se até a Renascença.
Para Averróis, na filosofia de Aristóteles se encontra a mais alta verdade, sendo o filósofo grego um presente de Deus para auxiliar as pessoas a conhecer tudo que possa ser conhecido, em especial o conhecimento da verdade. A filosofia busca esta verdade através da razão, mas a razão filosófica para Averróis deve ser protegida e amparada pela religião, pois se tanto a filosofia como a religião buscam a verdade, não pode haver discordância entre as duas. Quando houver diferença entre as duas, o texto religioso deve ser interpretado utilizando-se dos instrumentos racionais da filosofia, porque na razão é encontrada a única verdade. As diferenças entre filosofia e teologia são somente diferenças de interpretação.
A religião dos filósofos é buscar conhecer tudo profundamente e esse é o melhor culto que eles podem manifestar a Deus: conhecer intimamente a sua obra. A filosofia deve se preocupar com investigações teóricas do fundamento das coisas e a religião deve se preocupar com as ações humanas.
Averróis divide a inteligência, o entendimento humano em duas partes, o intelecto potencial e o intelecto possível ou ativo. O intelecto potencial é a inteligência de cada ser humano, de cada indivíduo, e ele é potencial porque pode ou não se desenvolver, da mesma forma que podemos ou não ver as cores dos objetos dependendo se temos ou não luz. A luz que vai possibilitar o intelecto potencial desenvolver suas capacidades é o intelecto possível, que é uma emanação divina e nele se ligam todos ou outros intelectos.
Os conhecimentos produzidos por todas as inteligências humanas, por todos os intelectos potenciais, ficam acumulados no intelecto possível. A inteligência humana individual é uma fantasia, uma imaginação que é retirada do intelecto possível. A alma reflete em partes e de forma deturpada a inteligência suprema do intelecto possível. O intelecto ativo ou possível é como o sol que através dos seus raios ilumina o intelecto humano potencial e o possibilita ver todas as coisas em suas exuberantes cores.
Dessa forma, o conhecimento, a ciência, é eterna e não pode perder os seus componentes essenciais. A ciência é como o sol que ilumina todos os outros conhecimentos humanos. Os indivíduos com suas criações, conhecimentos e filosofias podem morrer, mas a ciência em si não morre, porque é universal e está conectada com todos os humanos.
Averróis nega a imortalidade da alma. Acredita ainda que o conhecimento da ciência é o único caminho para atingirmos a felicidade, o êxtase espiritual e religioso. A vida de todos os homens tem fim com a morte. E a alma humana nasce e morre com o corpo.
Frases de Averróis
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Quem conhecer melhor a anatomia e fisiologia humana, vai aumentar sua fé em Deus.
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Todas as religiões são criação humana equivalentes e por conveniência pessoal e pelas circunstâncias escolhemos uma.
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A mulher é um homem imperfeito.
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Na natureza nada é supérfluo.
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Quem fala sobre o que não é da sua conta, escuta o que não gosta.
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Conhecimento, estupidez, riqueza e pobreza não podem ser escondidas por muito tempo.
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Os filósofos acreditam que as leis religiosas são artes políticas necessárias.
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O homem deve ser bondoso para com os inimigos e não para com os amigos: com estes, nada mais faz do que seguir a própria inclinação; com aqueles exerce elevadíssima virtude.
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O mundo é dividido entre homens com inteligência e sem religião, e homens com religião e sem inteligência.
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Conhecimento é o consentimento do intelecto.
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Para adquirir sua perfeição, um indivíduo específico precisa da ajuda de outras pessoas. Por isso, o homem é de natureza política. Às vezes, não somente é necessário para o aprimoramento humano, mas também para aspectos essenciais da vida; uma condição que o homem compartilha com os animais.

RUMI (1207-1273)
Maulana Jalaladim Maomé, transliterado RumiMawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī, também conhecido como Rumi de Bactro, ou ainda apenas Rumi ou Mevlana foi um poeta, jurista e mestre espiritual, teólogo sufi persa do século XIII. Seu nome significa literalmente "Majestade da Religião"; Jalal significa "majestade" e Din significa "religião".
Rumi é, também, um nome descritivo cujo significado é "o romano", pois ele viveu grande parte da sua vida na Anatólia, que era parte do Império Bizantino dois séculos antes. Seus poemas adquiriram grande popularidade principalmente entre os persas do Afeganistão, Irã e Tajiquistão.
Rumi nasceu em Balkh, no atual Afeganistão, no dia 30 de setembro de 1207. Seu pai foi um teólogo e pregador islâmico. Entre 1215 e 1220, quando os mongóis invadiram a Ásia Central, Rumi, sua família e alguns discípulos deixaram sua cidade, migrando para terras muçulmanas, incluindo Bagdá, Damasco, entre outras. Depois de peregrinarem para Meca, se instalaram em Konya, na atual Turquia Ocidental.
Em 1231, Rumi se torna discípulo de Sayyed Burhan ud-Din Muhaqqiq Termazi, um dos alunos de seu pai. Com a morte de seu pai, herdou a posição espiritual que ele ocupava. Tornou-se professor e teólogo e pregava nas mesquitas de Konya.
A poesia de Rumi é frequentemente dividida em diversas categorias: os quartetos (rubayāt) e odes (ğazal) do Divan, os seis livros do Masnavi, Os Discursos, As Cartas e o praticamente desconhecido Sermões.
Rumi passou a maior parte dos últimos anos de sua vida em Anatólia, dedicado em terminar sua obra prima do sufismo (sabedoria mística e contemplativa do Islão) “Masnavi”, formada por seis volumes. A outra grande obra de Rumi é o Dīwān-e Kabīr (Grande Obra) contendo aproximadamente quarenta mil versos.
Fihi Ma Fihi (Nele o Que Estiver Nele) é uma coletânea de setenta e uma palestras dadas por Rumi em várias ocasiões para seus discípulos. Foi compilada a partir das anotações de vários de seus discípulos, e, portanto, Rumi não escreveu o trabalho diretamente. Makatib (As Cartas) é o livro contendo as cartas de Rumi em persa para seus discípulos, familiares e homens influentes e do governo. As cartas testificam que Rumi estava bastante ocupado ajudando familiares e administrando uma comunidade de discípulos que cresceu ao redor deles. Majāles-e Sab'a (Sete Sessões) contêm sete sermões persas (como implicado pelo nome) ou palestras dadas em diferentes assembleias. Os sermões propriamente dão um comentário sobre o sentido mais profundo do Corão e do Hádice. Os sermões também incluem citações dos poemas de Sana'i, 'Attar e outros poetas, incluindo o próprio Rumi.
Escreveu ainda vários volumes de poesias populares. Faleceu em Konya, atual Turquia, no dia 17 de novembro de 1273.
Frases de Rumi
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Por que você permanece na prisão quando a porta está completamente aberta?
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A inspiração que você procura já está dentro de você. Fique em silêncio e escute.
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...Na verdade, somos uma só alma, tu e eu. Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti. Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo, porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.
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O que você procura está procurando você.
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Que a beleza do que você ama seja o que você faz.
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A tarefa não é buscar o amor, mas apenas procurar e desfazer todas as barreiras dentro de si mesmo que você construiu contra ele.
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Não se lamente. O que se perde retorna de outra forma.
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Você tem dentro de você mais amor do que você jamais poderia entender.
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Esqueça segurança. Viva onde você tem medo de viver. Destrua sua reputação. Seja notório.
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Aprenda com o sofrimento; a ferida é o lugar por onde a luz entra em você.
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Apesar de aparecer na forma terrena, sua essência é pura consciência. Você é o destemido guardião da luz divina.
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Você não é uma gota no oceano. Você é um oceano inteiro numa gota.
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Para além das ideias de certo e errado, existe um campo. Eu me encontrarei com você lá.
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Quero cantar como os pássaros cantam, não se preocupar com quem ouve ou o que eles pensam.
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Quando o mundo te empurra de joelhos, você está na posição perfeita para orar.
Poema dos Átomos
Oh dia, desperta!
Os átomos dançam.
Todo o Universo dança... graças a eles.
As almas dançam possuídas pelo êxtase.
Vem,
Sussurrar-te-ei ao ouvido
Aonde leva esta dança.
Vê como todos os átomos do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram como loucos.
Cada átomo,
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?
Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó –
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu,
Do qual nada mais pode ser dito.
Nada mais.

KHALIL GIBRAN (1883-1931)
Foi um filósofo, escritor, poeta, ensaísta e pintor libanês. Sua obra reflete a espiritualidade e os princípios que levam aos patamares mais altos da alma humana. É conhecido por ter criado frases inspiradoras. Seu livro mais conhecido é “O Profeta”.
Khalil Gibran (1883 - 1931) nasceu em Bsharri, nas montanhas do Líbano, no dia 06 de janeiro de 1883. Viveu a maior parte de sua vida nos Estados Unidos, para onde se mudou com sua mãe, o irmão e duas irmãs no ano de 1894. Nascido Gibran Khalil Gibran, reduziu seu nome para Khalil Gibran. Em 1898 retornou para o Líbano onde completou seus estudos árabes, no Colégio da Sabedoria, em Beirute.
Em 1902 voltou para os Estados Unidos. Nessa época escreveu poemas e meditações para um jornal árabe, publicado em Boston, chamado O Emigrante. Dedicou-se à pintura e ao desenho, numa arte mística que lhe é própria. Uma exposição com seus primeiros trabalhos despertou o interesse de Mary Haskell, diretora de uma escola americana, que lhe ofereceu um curso de artes em Paris. Publicou “A Música” (1905) e “As Ninfas do Vale” (1906).
Entre os anos de 1908 e 1910, Khalil Gibran estudou em Paris, na Académie Julien, onde produziu telas com temas místicos. Uma de suas telas foi escolhida para a Exposição de Belas Artes. Nessa época escreveu “Espíritos Rebeldes” (1908). Em 1910 volta para Boston e nesse mesmo ano muda-se para Nova York, onde reúne em volta de si, diversos escritores libaneses e sírios, que formam uma academia literária (A Liga Literária), que publicava duas revistas árabes: As Artes e O Errante.
Entre outros livros escritos em árabe estão: “Asas Partidas” (1912), “Uma Lágrima e um Sorriso” (1914), “A Procissão” (1919) e “Temporais” (1920).
A partir de 1918, Khalil Gibran passou a escrever alguns de seus livros em inglês, entre eles, “O Louco” (1918), “O Precursor” (1920), “O Profeta” (1923), “Areia e Espuma” (1927), “Jesus, o Filho do Homem” (1928) e “Os Deuses da Terra” (1931). Sem abandonar a pintura, ilustrou seus livros e seus quadros foram expostos em Boston e em Nova York.
Khalil Gibran faleceu, vítima de tuberculose, em Nova York, no dia 10 de abril de 1931. Após sua morte, foram publicados os livros: “O Errante”, “O Jardim Secreto do Profeta” e “Curiosidades e Belezas”.
Frases de Kalil Gibran
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Numa só semente de trigo há mais vida do que num montão de feno.
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Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.
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Quando você levantar o braço para bater em seu filho, ainda com o braço no ar, pense se não seria mais educativo se você descesse esse braço de forma a acariciá-lo, em vez de machucá-lo.
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Quem vive nas trevas não consegue ser visto, nem vê nada.
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Tartarugas conhecem as estradas melhor do que os coelhos.
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Um livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem.
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Dizeis: darei só aos que precisam. Mas os vossos pomares não dizem assim; dão para continuar a viver, pois reter é perecer.
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O amigo é a resposta aos teus desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a tua necessidade, mas não o teu vazio.
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Todo o trabalho é vazio a não ser que haja amor.
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Trabalho é amor tornado visível.
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A música é a linguagem dos espíritos.
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Cada vez mais desesperadamente o homem procura dilatar o tempo que já não tem.
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Uma voz não pode transportar a língua e os lábios que lhe deram asas. Deve elevar-se sozinha no éter.
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A perplexidade é o início do conhecimento.
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Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.
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O desgosto é o obscurecimento do espírito e não o seu castigo.
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A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes.
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Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.
